segunda-feira, 7 de abril de 2008

Polícia Federal prende 19 acusados de sonegar R$ 7 milhões em importação de carros

A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira pelo menos 16 pessoas no Espírito Santo e três em São Paulo acusadas de integrar uma quadrilha que sonegou, no último ano, R$ 7 milhões em importações de carros, motos e mercadorias de luxo. Segundo o Ministério Público Federal, ao todo a Justiça decretou a prisão temporária de 23 pessoas na Operação Titanic. Segundo o Ministério Público Federal no Espírito Santo, um dos investigados, um capixaba que está nos Estados Unidos, será preso pelo FBI e deportado para o Brasil. De acordo com a Polícia Federal, empresas situadas nos Estados Unidos e no Canadá também participavam do esquema. As investigações, que começaram há pouco mais de um ano, indicaram que a fraude se dava com a participação de empresários brasileiros e estrangeiros, contadores, auditores da Receita, advogados e corretores de câmbio. Entre os presos está o empresário capixaba Adriano Mariano Scopel, acusado de chefiar a quadrilha ao lado do pai, Pedro Scopel, que também foi preso. Eles são donos da empresa Tag Importação e Exportação de Veículos Ltda, uma das maiores importadoras de veículos de alto luxo do País. Também foram presos três auditores da Receita Federal em Vila Velha e um funcionário da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo informou o Ministério Público em nota, a quadrilha utilizava o Terminal Portuário de Peiú, na região metropolitana de Vitória, como pátio de negócios. Pedro Scopel é o detentor da exploração da concessão do terminal. Para fraudar o Fisco, Adriano Scopel se utilizava do corpo funcional da Tag Importação e Exportação e contava com a ajuda de informantes em órgãos públicos brasileiros. Scopel controlava as compras dos automóveis e das mercadorias de luxo no Exterior, a cotação de câmbio para a realização das operações, a cooptação de empresas responsáveis pela remessa de dinheiro ao Exterior, a contabilização dos lucros e a distribuição de propina. A Operação Titanic teve um desdobramento, em Rondônia, onde foi preso o filho do governador, Ivo Cassol. Além de Ivo Junior Cassol, foram presos o sobrinho do governador, Alessandro Cassol Zabott, e o ex-senador e atual suplente do Senado Federal, Mário Calixto Filho. O envolvimento do governador Cassol, assim como do seu secretário de finanças, José Genaro de Andrade, com as fraudes na importação de veículos de alto luxo pela importadora TAG não está descartado, mas terá que ser investigado pelo Superior Tribunal de Justiça, já que ele tem direito a foro privilegiado. A TAG é oficialmente uma empresa de Rondônia, mas tem apenas uma sala comercial no Estado, localizada no centro empresarial em Porto Velho. A empresa goza de regime tributário diferenciado e, graças a uma negociação feita por Adriano Scopel com o ex-senador, o filho do governador e o próprio Cassol, ela tem direito a crédito de 85% do valor do imposto devido pela saída interestadual de mercadoria importada. O problema é que as mercados jamais passam por Rondônia. Ainda em Rondônia, foram presos o auditor da Receita Federal, Edcarlos Tibúrcio Pinheiro, o amigo dele, Reginaldo Aparecido dos Santos (titular das contas bancárias nas quais era depositado o dinheiro para Edcarlos) e os dois empregados da TAG, Ronaldo Benevidio dos Santos e Rogério Moreira. No Espírito Santo, a Polícia Federal prendeu, além de Adriano e Pedro Scopel, mais 14 pessoas envolvidas no esquema de fraude. Adriano Scopel resistiu à prisão e os agentes tiveram que fazer uso de uma marreta para entrar em seu apartamento, no edifício Paládio, na Praia da Costa. Entre as prisões ocorridas na cidade de Vitória, estão a de três auditores da Receita Federal. Entre eles, o casal Max Pimentel de Almeida Marçal e Leisa Cristina Ortega Amaral. Segundo as investigações, receberam dinheiro da firma chefiada por Adriano Scopel para liberar carros de alto luxo e motos potentes importadas com o valor subfaturado. O terceiro auditor preso é Alberto Oliveira. As importações de carros eram realizadas junto a duas empresas estrangeiras que exportavam os veículos e motos com documentos adulterados, reduzindo o preço de venda para conseqüentemente reduzir os impostos a serem pagos no Brasil. Uma delas é a Global Business, do Canadá, chefiada pelo brasileiro Eduardo Sayegh, que estava em São Paulo, onde foi preso. A outra é a norte-americana E&R Logos Companie Inc., cujo proprietário é Clenilson de Farias Dantas. Também foram presos no ES a contadora Aldeni Avelar Portela Silva, da Zip Assessoria Contábil, que cuidava das fraudes na contabilidade da importadora de veículos Tag. Outro detido foi Jorge de Oliveira, corretor de valores, que fazia as remessas ilegais de numerário para o Exterior. Dos empregados ligados à Tag foram presos em Vitória Aguilar de Jesus Bourguignow, uma espécie de gerente da empresa, assim como Maurenice Gonzaga de Oliveira. Outro empregado preso foi Rodolfo Beligo Legnaioli. Na lista de presos estão ainda Alessandro Stockl, proprietário da oficina onde ficavam guardados os carros importados ilegalmente, e Fernando Silva do Couto, um empregado que emprestava o seu nome para lavagem de dinheiro ou de bens adquiridos irregularmente pelo dono da Tag. Adriano e Pedro Scopel ficaram famosos em 2006 ao levarem ao Salão de Automóvel em São Paulo seis carros italianos da marca Lamborghini, apreendidos por estarem em situação irregular. Eles também adquiriram a lancha que era de propriedade do narcotraficante Juan Carlos Ramires Abadía. Se a Polícia Federal estender a investigação para o Rio Grande do Sul chegará até um famoso casal de advogados que se especializaram nessa modalidade de atuação comercial.

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