segunda-feira, 9 de junho de 2008

Milton Zuanazzi é demitido na CVC com apenas três semanas de trabalho devido a protestos de turistas

Três semanas depois de assumir a diretoria para a América Latina da operadora de turismo CVC, o ex-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o ultra-incompetente petista gaúcho Milton Zuanazzi foi demitido do cargo, quando ele se preparava para assumir o escritório em Buenos Aires. Desde sua contratação, a diretoria da CVC recebeu um festival de e-mails de protesto de familiares das 199 vítimas do vôo 3054 com Airbus A320 da TAM, que morreram no desastre do dia 17 de julho de 2007. Os textos faziam referência à ação de improbidade administrativa do Ministério Público Federal contra Zuanazzi. Sua saída da CVC ocorre dias depois de terem vindo a público denúncias de tráfico de influência e insinuações de suborno no processo de aprovação da venda da VarigLog e da Varig. Segundo entrevista dada ao jornal O Estado de S. Paulo pela ex-diretora da Anac, Denise Abreu, Zuanazzi era o "porta-voz" do governo nas discussões sobre o caso Varig e VarigLog, e fez pressões para aprovar o negócio. "Eu quero deixar ressalvado que a pressa do presidente da Anac (para aprovar a venda da VarigLog) não era compartilhada nem pelo Leur Lomanto, nem pelo Jorge Velozo (outros ex-diretores da Anac), muito menos por mim”, disse a ex-charuteira. Segundo ela, Zuanazzi também atuou para manter as antigas rotas da Varig nas mãos da empresa depois que ela foi comprada pela VarigLog. Na época, diretores da Anac queriam distribuir rotas que não estavam sendo usadas e os novos donos da Varig brigavam para mantê-las sob seu controle. "O presidente da Anac tinha muita relação dentro do palácio do governo, então eles eram muito informados de como atuávamos, o que dizíamos, o que pensávamos, as estratégias judiciais que seriam utilizadas, o tempo inteiro", disse Denise, ao descrever como foi a briga pelas rotas da Varig. Denise Abreu contou que a pressão da Casa Civil sobre Zuanazzi ficou evidente em um e-mail que ele escreveu para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, logo após a aprovação da venda da VarigLog. O e-mail, continuou Denise, ficou registrado em um arquivo da diretoria da Anac e, meses mais tarde, foi encontrado e distribuído por funcionários da agência. O ultra-incompetente Milton Zuanazzi disse, à época, que se tratava de um desabafo que havia escrito, mas não havia remetido a Dilma. No e-mail, Zuanazzi critica o governo Lula por não ter tomado nenhuma atitude para salvar a Varig. E que ele teria assumido o papel de articulador do processo, até mesmo "perdendo a liderança" entre outros diretores da Anac. Ainda segundo Denise, Zuanazzi escreveu que estava disposto a sair da Anac porque havia sofrido pressões muito grandes e deveriam ocorrer mudanças na agência. Diz o e-mail: "Tive que, sozinho, com uma pequena ajuda do Carlos Wilson (ex-presidente da Infraero), na undécima hora, ouvindo xingamento de ti e da Erenice (Guerra, secretária-executiva do Ministério da Casa Civil), sem poder sequer responder, pois os demais estavam ao meu lado, tendo que atender o Marinho (Luiz, ex-ministro do Trabalho) a toda hora, sem falar daquela figura impoluta que conheces. Mas o governo não podia enquadrar ninguém, pois estava em jogo sua preservação e do presidente. Cumpri devotamente o mister. Obedeci e obedecerei. Orgulho-me de ser disciplinado e parceiro, o que nada tem a ver com dependência de cargo ou coisa do gênero”. Esse é o tamanho moral do personagem.

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