sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ingrid Betancourt pede que Hugo Chávez e Rafael Correa restabeleçam vínculos com Alvaro Uribe

Ex-refém das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), organização terrorista e traficante de cocaína, a política franco-colombiana Ingrid Betancourt, resgatada na quarta-feira em uma espetacular operação realizada pelo exército colombiano, pediu nesta quinta-feira que os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e Equador, Rafael Correa, restabeleçam vínculos com Bogotá em prol de novas libertações unilaterais pelos terroristas. "A primeira coisa que devemos fazer é um pedido ao presidente Chávez e ao presidente Correa para que nos ajudem a restabelecer vínculos de amizade, de fraternidade, de confiança com o presidente Álvaro Uribe. Essa é uma etapa essencial para que possamos vislumbrar novas libertações unilaterais", afirmou ela, logo após o reencontro com seus filhos, em Bogotá. Ingrid Betancourt também convidou os outros dirigentes políticos latino-americanos a se envolverem na solução do conflito interno que vive seu país. Ela apelou para a influência que vários presidente latino-americanos teriam sobre os comandantes das Farc para "que deixem o terrorismo de lado e empreendam o caminho da negociação". As afirmações de Ingrid Betancourt foram feitas logo após o encontro com seus dois filhos, Melanie e Lorenzo Delloye, em um aeroporto militar na Colômbia. O avião em que viajaram os dois, a irmã de Ingrid e o chanceler francês, Bernard Kouchner, aterrissou por volta das 8h17 (10h17 de Brasília) no aeroporto militar de Catam, a oeste de Bogotá. Ingrid Betancourt, acompanhada de sua mãe, Yolanda Pulecio, e de seu marido, Juan Carlos Lecompte, aguardou os filhos perto da escada do avião. Ao reencontrá-los, visivelmente emocionada, Ingrid Betancourt não se conteve e chorou. Ela também abraçou seu ex-marido Fabrice Delloye e o chanceler francês. "Estou muito orgulhosa deles, que lutaram sozinhos e travaram uma batalha belíssima por minha liberdade", afirmou Ingrid Betancourt, recordando que a última vez que os viu eles eram apenas crianças. "Agradeço a Deus por este momento. São meus filhinhos, meu orgulho, minha razão de viver, minha luz, minhas estrelas, por isso continuei com vontade de sair da selva, para poder voltar a vê-los", declarou Ingrid Betancourt. Melanie e Lorenzo, que começaram a acenar para a mãe da janela do avião, disseram que estão vivendo o melhor momento de sua vida. "Sempre tememos um resgate militar, pelos riscos, mas agora, que vivemos esta felicidade, queremos desfrutar dela e vamos continuar lutando pela liberdade dos outros reféns", disse Melanie. "Continuamos pensando nas famílias das pessoas que continuam seqüestradas. Não esquecemos delas e vamos continuar lutando por elas", acrescentou a filha. Já Lorenzo afirmou estar sentindo uma "felicidade muito grande". Mas concordou com sua irmã: "Ganhamos um combate pela liberdade, mas ainda restam muitos reféns na selva e, por isso, não vamos parar, porque a liberdade é muito importante", disse. No Airbus A-319, da Presidência da República francesa, que deverá levar Ingrid Betancourt nesta sexta-feira de volta a Paris, viajava uma delegação de 30 pessoas, entre eles a irmã da ex-refém, Astrid Betancourt, seu filho e vários diplomatas e médicos. O chanceler Kouchner agradeceu a Uribe e ao povo colombiano por sua "luta pela libertação" dos reféns em poder das Farc, e disse que Paris continuará apoiando os esforços pelos 24 reféns que permanecem em poder dos rebeldes. "É um milagre, um momento mágico, vê-la rodeada por sua família, isso não nos impede de pensar que outros ainda estão seqüestrados", ressaltou. A ex-refém passou a primeira noite na casa de sua mãe, em Bogotá, relatando detalhes de seu seqüestro. "Nós começamos uma longa conversa em que nos narrou os detalhes de seu cativeiro. Ela quis tomar um café da manhã com laranjas, tinha esse desejo", afirmou seu marido Juan Carlos Lecompte.

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