terça-feira, 8 de julho de 2008

Invasões de sem-terra ultrapassam 7.500 em 19 anos

O levantamento “Geografia das Ocupações de Terras”, atualizado nesta segunda-feira pelo Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), instituição vinculada à Universidade Estadual Paulista (Unesp), cobrindo o período que vai de 1988 (quando entrou em vigor a atual Constituição, que atribui ao governo federal a tarefa da reforma agrária) a 2007, mostra que nesses 19 anos ocorreram 7.561 invasões de propriedades rurais no País, uma média de quase 400 por ano. Dá mais de uma invasão por dia. O estudo constata que o mapa de assentamentos do governo não bate com o mapa das invasões. Trata-se do mais amplo estudo sobre o assunto já realizado no Brasil, com o cruzamento de informações de três instituições que fazem medições dos conflitos: Comissão Pastoral da Terra (CPT), Ouvidoria Agrária Nacional e Dataluta (braço estatístico do Nera). Além de apontar números gerais, ele também identifica regiões e cidades onde os sem-terra mais atuaram. Os números confirmam que o pior cenário localiza-se no Pontal do Paranapanema, no oeste do Estado de São Paulo. As invasões ali começaram na década de 80, ganharam força com a chegada do MST, nos anos 90, e ainda não pararam. Dali se irradiam para Estados próximos, como Mato Grosso do Sul. O historiador norte-mericano Clifford Welch, um dos coordenadores do levantamento, observou que ganham força no País ações em áreas onde o agronegócio mais se expande. "A expansão do agronegócio, especialmente da soja, que subiu do Rio Grande do Sul, passou por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, expandiu-se para Goiás e Minas Gerais e hoje ganha espaço na Bahia, reduziu bastante o espaço para os pequenos agricultores", disse ele.

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