quarta-feira, 16 de julho de 2008

Investigação da Polícia Federal ameaça meganegócio de Eike Batista

A mineradora anglo-sul-africana Anglo American condicionou a conclusão da aquisição de 51% da MMX Minas-Rio e de 70% da MMX Amapá aos desdobramentos da investigação sobre irregularidades na licitação de uma ferrovia no Amapá, vencida pelo empresário Eike Batista. A Anglo American, que ainda pagaria US$ 5,5 bilhões ao grupo de Eike Batista, disse que poderia desistir do negócio que "vai tomar suas decisões sobre as condições pendentes e seus respectivos direitos e obrigações previstos nos contratos à medida que as informações sobre a investigação fiquem disponíveis". Em janeiro deste ano, a Anglo American assinou um acordo de compra dos ativos da MMX, mas até agora não concluiu o negócio. Ele estava prestes a ser fechado, quando, na semana passada, a PF deflagrou a Operação Toque de Midas. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Batista e seus escritórios. A Anglo American afirmou que "a MMX concordou em fornecer informações sobre as investigações com a urgência possível". Disse ainda que não tinha "conhecimento prévio sobre a investigação". Nem a EBX, holding de Batista que controla a MMX, nem a Anglo American confirmam, mas a conclusão do negócio foi postergada. A expectativa era fechar a aquisição nesta semana, mas o processo foi atropelado pela operação da Polícia Federal. Segundo a Anglo American, a parte já adquirida em 2007 da MMX (49% do sistema Minas-Rio) não será afetada e permanecerá no portfólio da mineradora, a quarta maior do mundo. À época do anúncio do acordo com a EBX, a Anglo American divulgou planos ambiciosos para a MMX: pretendia investir US$ 16 bilhões para desenvolver uma produção de minério de ferro de 150 milhões de toneladas, volume que corresponde à metade do que a Vale do Rio Doce produz no País. A EBX diz que "todas as autorizações governamentais já foram obtidas" e que a "a mudança de controle da ferrovia já foi aprovada pelo governo do Amapá”. Segundo a empresa, a MMX já obteve também "todas as autorizações exigidas pela Bolsa" para mudança de controle. A EBX nega ainda irregularidades na licitação da ferrovia, que liga sua área de mineração ao porto de Santana, ambos no Amapá. A empresa informou ter pago R$ 814 mil pela concessão, válida por um período de 20 anos. Atualmente, a ferrovia opera com 84 vagões novos e outros 84 reformados. Outros 56 vagões novos já foram comprados e estão em processo de fabricação. A ferrovia movimenta minério de ferro da MMX e outros produtos de pequenas mineradoras, além de passageiros e produtos agrícolas. (na foto, o porto de Santana, no Amapá)

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