segunda-feira, 28 de julho de 2008

Pesquisa da Folha de S. Paulo constata que juventude brasileira é de direita

O jornal Folha de S. Paulo publicou na sua edição de domingo uma ampla pesquisa sobre o que pensam os jovens brasileiros, em um caderno especial de 20 páginas, chamado “Jovem Século 21”. De acordo com a pesquisa do Instituto Datafolha, a juventude brasileira é de direita, predominantemente. De maneira formal, 37% dos jovens entrevistas declaram ser de direita. Apenas 28% se dizem de esquerda. No centro, estão 23%. Como é possível que jovens não saibam discriminar corretamente a diferença entre posições tidas como de “direita” daquelas de “esquerda”, a pesquisa foi mais fundo. E constatou que 68% dos entrevistados não querem mudar a lei do aborto. Eles querem que o aborto continue a ser considerada uma prática criminosa, com duas exceções: gravidez decorrente de estupro e risco de morte da mãe. Este também é o mesmo índice da população em geral que se opõe à liberalização do aborto. Quanto à pena de morte, os jovens se mostraram ainda mais severos do que o povo como um todo: 50% se disseram favoráveis (contra 47% no caso da população como um todo). Já os contrários à pena de morte são apenas 46%. Uma das respostas mais acachapantes para os esquerdistas, adoradores da “cannabis sativa”, da “baura”, é que 72% dos jovens entrevistados se declararam terminantemente contrários à liberdade de fumar maconha. Já no geral, 76% dos brasileiros são contrários à maconha e aos maconheiros. Apenas 25% dos jovens disseram que “fumar maconha” deve “deixar de ser crime”. Como se vê, os jovens brasileiros são radicalmente direitistas, já que, no Brasil, “fumar maconha” não é crime, apenas o tráfico é penalizado. Só os esquerdistas maconheiros acham que o hábito de puxar fumo deve deixar de ser crime, o que, como já se disse acima, não é crime há bastante tempo. No caso da maioridade penal, os jovens brasileiros desferem uma monumental porrada nos esquerdistas maconheiros e abortistas. Simplesmente 83% dos jovens entendem que deve baixar a idade penal. E 37% dos jovens são ultra-radicais: entendem que a maioridade penal deve ser inferior a 16 anos. Já 46% dos jovens entendem que deve ser a partir dos 16 anos. Se os comunistas aborteiros e maconheiros também pretendem que os jovens sejam ateístas, como eles, aí a coisa encrespa. Simplesmente 59% dos jovens se declaram católicos, 16% dizem ser evangélicos pentecostais, 8% se declaram evangélicos não-pentecostais, 2% são espíritas, 1% dizem professar a religião judaica, 1% a umbanda, 1% o candomblé e 2% se declaram adeptos de outras religiões. É para arrasar com o ânimo de qualquer esquerdista comunista maconheiro abortista e ateu, não é mesmo? Pela ordem, os jovens brasileiros acham as seguintes coisas “muito importantes”: família (99%), saúde (99%), trabalho (97%), estudo (96%), lazer (88%), amigos (85%), religião (81%), sexo (81%), dinheiro (79%), beleza (74%), casamento (72%). A pesquisa do Instituto Datafolha constatou ainda que os jovens brasileiros querem casa, carro, grana, todas essas malditas coisas do “consumismo”, que deixam os comunistas que já têm todas essas malditas coisas muito decepcionados com a juventude. Diz o jornalista Reinaldo Azevedo: “Mais uma vez, constata-se o óbvio, há um enorme hiato entre o que pensa o conjunto da população — e, nela, sua fatia mais pretensamente inquieta — e os vários canais que vocalizam a opinião pública. Não, senhores! Não temos a imprensa que representa os valores que vão acima: a nossa, com as exceções de praxe, é majoritariamente “politicamente correta” e experimenta um verdadeiro divórcio em relação ao pensamento da maioria. Até aí, tudo bem! Sou o primeiro a defender que veículos devam ter e defender pontos de vista. A questão que merece debate é outra: tais opiniões são verdadeiramente demonizadas pela patrulha politicamente correta do jornalismo. Pegue-se o caso do aborto: raramente alguém que se opõe à sua legalização é tratado, vá lá, com respeito ao menos. Do mesmo modo, descarta-se que um indivíduo civilizado possa considerar uma tolice a maioridade penal a partir dos 18 anos — o Brasil, saibam, faz parte das poucas exceções que adotam tal idade; na esmagadora maioria dos casos, é inferior. Em muitos países, nem mesmo há uma idade mínima: depende do crime. No que respeita aos costumes, temos uma imprensa de esquerda e um povo de direita. Ora, o jornalismo — de fato, os meios de comunicação nas suas várias manifestações — são, sim, importantes formadores de opinião. Políticos temem afrontar a doxa. Daí que os partidos evitem ao máximo “politizar” as questões referentes a valores — politização que é corriqueira em qualquer democracia do mundo, a começar dos Estados Unidos. O povo, como se vê, não tem receio de ser ou de parecer de direita, mas os políticos evitam tal "estigma" — ou, mais apropriadamente ainda, fogem da palavra “direita” como o diabo foge da cruz — e acabam se alinhando com... o diabo, hehe. Vejam como é freqüente que lideranças se digam “de esquerda” sem qualquer vergonha, mas jamais de direita — quando muito, são todos de centro-esquerda... Será que temem o povo? Não! Temem o jornalismo politicamente correto. Líderes conservadores, mundo afora, tiveram a coragem de enfrentar a hegemonia esquerdista. No Brasil, até agora, todos se ajoelham no altar da hipocrisia. Sem dúvida, a Folha e o Datafolha prestam um serviço relevantíssimo ao País, ao jornalismo e à política — especialmente para quem ler os dados com coragem e ousadia. O levantamento é bastante amplo. Trata até do desempenho escolar — lastimável, diga-se — da juventude. A edição merece algumas observações, talvez reparos. Aqui e ali vaza uma certa decepção com a caretice da molecada. A tentação de lamentar que eles não queriam mais virar a mesa — e quando é que quiseram, santo Deus? — se insinua, mas logo cede à realidade. Afinal, é insustentável criticar os moços porque revelam o anseio de subir na vida e se dar bem profissionalmente. Mas aquele velho espírito da “revolução” — nem que seja a de costumes — espreita o caderno. Por alguma razão que o Datafolha não consegue explicar, ele é muito colorido, coloridíssimo, colorido até a irritação. O jovem é caretão, mas o caderno resolveu adotar uma estética meio Hair (o filme de Milos Forman), a que se somam alguns símbolos do ‘capitalismo’ — porque, afinal, eles querem casa, carro e grana... As tabelas do Datafolha são editadas num misto de pichação com trapaça concretista: o número “60”, por exemplo, aparece num corpo maior do que o “30”, que é maior do que o “10”, sacaram? Legal, né? Às vezes, números e letras se esbarram, uns borrando os outros. Afinal, é um caderno feito por jovens, sobre jovens com uma edição... jovem. A questão é saber se foi lido por uma maioria de jovens — duvido. Caso tenha sido, o que há de errado com as tabelas que eles estão acostumados a ver nos livros e até na Internet? Em algumas páginas, publicam-se textos na diagonal... Pra quê? Suponho que seja para dificultar a leitura... Sei que tal observação parece uma bobice (e reitero que se trata de um trabalho importante ), mas não é. Em certo sentido, a edição do caderno nos devolve para o centro deste longo texto: boa parte da imprensa (e não é muito diferente em todo o mundo democrático) não se conforma que o povo — os jovens também — possa ser careta, conservador, de direita. Recorre-se nem que seja a uma estética do inconformismo — “moderna” — para evidenciar o conservadorismo, ainda que ela crie mais dificuldades de leitura do que facilidades, ainda que ela mais turve a realidade do que ajude a explicá-la — como é da natureza, diga-se, de quase todos os inconformismos. Os dados que ali estão, no entanto, são de grande relevância. Seria conveniente que muitos dos nossos políticos, especialmente os que não são de esquerda, começassem a refletir a respeito”. O mesmo jornalista Reinaldo Azevedo transcreve em seu blog, no site da revista Veja, o artigo que havia escrito no dia 9 de abril de 2007: “O Povo é de direita, revela o Datafolha. (...) um político que tivesse rigorosamente as opiniões do povo brasileiro (...) seria chamado de ‘direitista’ pela esquerda, certo? Quem sabe até de reacionário... E isso estaria a indicar que o povo brasileiro é, então, majoritariamente, ‘de direita’. Ora, se ele é de direita, por que, então, estamos sendo governados pela esquerda — ainda que essa ‘esquerda’ seja a petista, com seu fanatismo recém-adquirido pelo financismo? A resposta é simples: questões como as colocadas acima [aborto, pena de morte, drogas] simplesmente estiveram ausentes do debate eleitoral. E os politicólogos brasileiros, quase todos de esquerda, acham que isso é um sinal do nosso amadurecimento. Essas clivagens aparecem nos confrontos eleitorais dos EUA e da Europa — sabem?, eles são os bárbaros... Já os civilizados brasileiros preferem não entrar nesse mérito porque acham que esse é um debate grosseiro.” “DEM e PSDB cometem, a meu ver, dois erros crassos: não conseguem ter um discurso organizado sobre economia para confrontar o PT e renunciam a fazer o que chamo de guerra de valores com a esquerda. O Datafolha esfrega no nariz das duas legendas o óbvio: o povo brasileiro é conservador e, vejam só, não tem, no Parlamento, quem o represente a contento.” Antes ainda, no dia 13 de agosto de 2006, escrevi aqui: “Uma boa leva de políticos no Brasil deveria olhar para os dados do Datafolha com vergonha. Vergonha de si mesmos e de sua covardia. Existe uma maioria silenciosa que hoje não encontra uma representação consistente. Uma boa pergunta seria a seguinte: como pode Lula vencer, ao menos por enquanto, a disputa presidencial no 1º turno se a maioria da população é mesmo de direita?”

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