terça-feira, 8 de julho de 2008

Polícia Federal diz que Naji Nahas tinha informações privilegiadas do Fed

O empresário Naji Najas, preso nesta terça-feira na Operação Satiagraha, deflagrada pela Polícia Federal, tem como fonte um funcionário do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) que lhe passava informações privilegiadas. O dado foi confirmado pela Polícia Federal. Segundo relato do juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, no documento que determina as prisões, Nahas teria como saber, com antecedência, a decisão do Fed acerca da taxa básica de juros do país. A operação da Polícia Federal investiga o desvio de verbas, corrupção e lavagem de dinheiro. "Pessoa possivelmente estando em New York teria antecipado para Naji Robert Nahas a queda da taxa de juros, controlada pelo Fed americano, em até 0,5%. No dia 18.09.2007, esta informação, segundo a autoridade policial, teria se confirmado na medida em que "os mercados financeiros de todo o planeta reagiram com surpresa a queda de 0,5% da taxa de juros americanos'", afirma o juiz. O delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, responsável pela investigação, disse que Najas tinha um "megacontato" no Fed, e que a descoberta de tal informação causou surpresa. Queiroz afirmou que durante a investigação foram encontrados indícios de que Nahas, com informação privilegiada, manipulava ganhos também no mercado financeiro internacional. A decisão do juiz Sanctis menciona ainda que Naji Nahas, "aparentemente", sabia da descoberta do megacampo de petróleo de Tupi, na bacia de Santos, três meses antes da divulgação. Em conversa interceptada pela Justiça, Nahas falava sobre um portifólio de informações privilegiadas que teria. "Anote-se, também, os diálogos entre Naji Robert Nahas e Miguel, no qual o primeiro solicita para comprar mais ações, embora Miguel o tenha alertado que estariam caindo, ao que Nahas diz para fazer o que ele estaria mandando e para não comentar nada", afirma o texto. Nascido no Líbano e naturalizado brasileiro, o megainvestidor Naji Nahas chegou ao Brasil na década de 70, depois que casou com uma brasileira. Em 1989, foi acusado de ser um dos responsáveis pela quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Apesar da acusação, Nahas foi inocentado seis anos depois. Também foi envolvido na disputa societária da Brasil Telecom ao trabalhar como consultor da Telecom Itália, que foi uma das interessadas na compra da companhia telefônica brasileira.

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