terça-feira, 8 de julho de 2008

Polícia Federal prende banqueiro Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas

A terça-feira o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta; o investidor Naji Nahas, e o banqueiro Daniel Dantas, do Banco Opportunity. A Operação Satiagraha também investiga o desvio de verbas públicas, embora nenhum dos três presos tenha sido acusado por esse crime. Os policiais cumprem 24 mandados de prisão e 56 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e em Brasília. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Daniel Dantas foi preso no Rio de Janeiro, junto com sua mulher, cunhado e irmã. A Polícia Federal apreendeu quatro carros importados, sendo que três deles possivelmente são de Naji Nahas, além de documentos e um cofre. A Justiça decretou as prisões temporárias de dez pessoas ligadas a Daniel Dantas: Verônica Dantas (irmã e parceira de negócios); Carlos Rodemburg (sócio e vice-presidente do Banco Opportunity); Daniele Ninio, Arthur Joaquim de Carvalho, Eduardo Penido Monteiro, Dorio Ferman, Itamar Benigno Filho, Norberto Aguiar Tomaz, Maria Amália Delfim de Melo Coutrin e Rodrigo Bhering de Andrade. Do grupo de Nahas, foram decretadas a prisão de mais dez pessoas: Fernando Nahas (filho), Maria do Carmo Antunes Jannini, Antonio Moreira Dias Filho, Roberto Sande Caldeira Bastos, os doleiros Carmine Enrique, Carmine Enrique Filho, Miguel Jurno Neto, Lúcio Bolonha Funaro e Marco Ernest Matalon, e o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta. Também foi decretada a prisão preventiva de duas pessoas. Uma delas, Hugo Chicaroni, já foi presa. Ambas, a mando de Daniel Dantas, teriam oferecido, segundo o Ministério Público, US$ 1 milhão para um delegado federal que participava das investigações para que ele tirasse alguns nomes do inquérito. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal pediram ainda a prisão do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal, por sua participação na organização criminosa. Porém, o juiz federal Fausto de Sanctis entendeu que não existiam fundamentos suficientes para decretá-la. O advogado do banqueiro Daniel Dantas, Nélio Machado, acusa representantes do governo Lula de perseguição sobre seu cliente. Ele disse acreditar que a operação da Polícia Federal é decorrência da briga societária envolvendo Brasil Telecom e a Telecom Itália. "Sei que há documentos na Itália que deixam comprometidos personagens do governo Lula, e esse episódio pode ter gerado uma vingança contra o meu cliente", afirmou ele. Nélio Machado negou ligação direta de Daniel Dantas com Naji Nahas e Celso Pitta. Mas, ele admitiu que Naji Nahas prestou serviços à Telecom Itália na disputa judicial entre a empresa e a Brasil Telecom. O advogado disse ainda que não há motivos para que Daniel Dantas seja preso por supostas ligações com o esquema do mensalão. "Se houvesse alguma ligação do meu cliente com o mensalão, ele teria sido denunciado pelo Supremo Tribunal Federal", observou. Machado, no entanto, admitiu que Marcos Valério intermediou contratos de publicidade com a Telemig e a Brasil Telecom. Segundo a Polícia Federal, as investigações começaram há quatro anos, com o desdobramento das apurações feitas a partir de documentos relacionados com o caso mensalão. Para a prática dos delitos, o grupo teria possuído empresas de fachada. As investigações ainda descobriram que havia uma segunda organização, formada por empresários e doleiros que supostamente atuavam no mercado financeiro para lavagem de dinheiro. O segundo grupo seria comandado pelo investidor Naji Nahas. Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização teria atuado no mercado paralelo de moedas estrangeiras. Há indícios inclusive do recebimento de informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Federal Reserve. Os presos na operação devem ser indiciados sob as acusações de lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

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