quinta-feira, 10 de julho de 2008

Senadores batem boca sobre atuação da Polícia Federal na Operação Satiagraha

Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Pedro Simon (PMDB-RS) bateram boca nesta quarta-feira no plenário do Senado ao apresentarem posições divergentes sobre a atuação da Polícia Federal na Operação Satiagraha, que prendeu na terça-feira o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Arthur Virgílio, acompanhado por outros seis senadores, se solidarizou com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que classificou de "espetacularização" a atuação de agentes da Polícia Federal ao mostrar imagens das prisões de Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas. Simon, ao contrário, reagiu isoladamente às críticas dos parlamentares à conduta da Polícia Federal, em uma insinuação de que os demais senadores temem futuramente serem investigados pela Polícia Federal. "Ser algemado acontece todo o dia na favela. Não imagine o senador Virgílio que estou aqui para bater palmas porque os cidadãos foram algemados. Mas é importante entender que, no Brasil, precisamos fazer com que a Justiça valha para todos. Temos que acabar com a impunidade", reagiu Simon. Irritado, Arthur Virgílio subiu à tribuna do plenário para se contrapor ao peemedebista. Em um discurso inflamado, acusou Simon de ser um "decano da Casa" com postura de "alguém que acabou de chegar" ao se colocar publicamente contra os demais parlamentares somente para ganhar holofotes. "Talvez seja um desserviço dividirmos de maneira simplória e falsa o plenário do Senado entre os que têm suposta conivência com os crimes desvendados pela Polícia Federal e aquele único cavaleiro andante (Simon) que está sempre do lado do justo, do correto, remando contra 80 senadores que não se comportam de maneira adequada", ironizou Arthur Virgílio. Apesar de se mostrar favorável às prisões, ao afirmar que sente "desprezo" por Pitta, Nahas e Dantas, Arthur Virgílio disse que a prisão dos três "abre caminho para mais arbítrio, que amanhã poderá atingir Vossa Excelência (Simon) ou cada um de nós senadores”. Arthur Virgilio chegou a insinuar que Simon estaria envolvido em irregularidades na indicação do presidente do Banrisul, Fernando Guerreiro de Lemos, e por isso não teria autoridade para criticar as prisões efetuadas pela Polícia Federal. "Quem está irregular é o presidente do Banrisul", disse Arthur Virgílio. "Vossa Excelência está ocupando irregularmente o microfone", rebateu Simon irritado. Após o bate-boca, o peemedebista também subiu à tribuna da Casa para criticar o discurso de Virgílio. "Será que ao longo da minha vida estive aqui como cidadão que quer aparecer, se expor para subir em cima da honra dos meus colegas? Se sou isso, sou um pobre diabo, aquilo que penso que não sou." Visivelmente emocionado, Simon disse que pretende encerrar sua vida pública quando completar 80 anos. "Estou no fim de uma vida pública pela minha idade. E mesmo que não fosse pela idade, estou encerrando. Não sei se fico até o fim do meu mandato ou renuncio com 78 anos de idade", afirmou. Depois da troca de ofensas, Pedro Simon e Arthur Virgílio se abraçaram no plenário. Simon pode estar mesmo se encaminhando para o fim de sua vida pública mais rápido do que se imagina.

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