quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Acusado de comandar tortura no DOI-Codi participa de debate sobre a Lei de Anistia

O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o maior centro de tortura da ditadura militar brasileira, o DOI-Codi de São Paulo, que funcionou na Delegacia da Rua Tutóia, no bairro de Vila Mariana, foi um dos presentes nesta quinta-feira no debate do Clube Militar, no centro do Rio de Janeiro, sobre a revisão da Lei de Anistia pretendida pelo peremptório ministro da Justiça, Tarso Genro. Ustra não quis falar e ficou repetindo: "Não tenho nada a declarar". Os militares desistiram de divulgar uma relação de dirigentes do governo Lula que tiveram ligação com o terrorismo no regime militar. "Não pretendo, por fidelidade ao espírito da Lei de Anistia, citar os nomes dos terroristas que ensangüentaram o nosso País. Todos sabem quem são, muitos ocupando cargos importantes na República, no gozo da anistia de que foram beneficiados", disse o general da reserva Sérgio de Avelar Coutinho, um dos palestrantes. "Estas pessoas se uniram a organizações terroristas. Não foi nada romântico, foi uma luta para implantar a ditadura do proletariado e posteriormente o socialismo científico", afirmou o general, que reclamou da "satanização das Forças Armadas". Em sua fala, o ex-ministro Waldemar Zveiter, do Superior Tribunal de Justiça, disse que os torturadores do regime militar não podem ser processados, como defendeu o ministro da Justiça, o peremptório Tarso Genro, uma vez que o crime de tortura só foi tipificado em 1997, depois da Lei da Anistia, de 1979. Zveiter criticou a interpretação "equivocada" de Tarso Genro e do ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi. "Será que desaprenderam o português? Prefiro acreditar nisso do que achar que estão agindo de má-fé", disse ele. "O que se pretende é uma imoralidade. Estamos em ano eleitoral, eles estão jogando para a platéia", afirmou Zveiter. O ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça também levou a discussão para a esfera política. "Eles são os golpistas de hoje. Tiveram o segundo mandato e agora querem o terceiro. Não vão levar. Não tivemos a sabedoria da Polônia de eleger o metalúrgico uma vez apenas. Mas, no final do mandato o presidente Lula vai sair. Ele e sua turma", disse.

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