quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Delegados da Polícia Federal acusam empresas telefônicas de vazamentos dos escutas judiciais

Delegados da Polícia Federal que comandaram a Operação Ferreiro, que desmontou quadrilha que tinha acesso a dados cadastrais de clientes de operadoras telefônicas, acusaram nesta quarta-feira as empresas de telefonia de vazar informações sobre escutas autorizadas pela Justiça. Em depoimento à CPI das Escutas Telefônicas da Câmara, o delegado federal Marcílio Zocrato disse que obteve documentos comprovando que funcionários das operadoras vazaram informações de números grampeados pela Polícia Federal. "Quando você está em investigação e obtém mandado para interceptação telefônica, o juiz te entrega os dados em mãos. Só o delegado, o Ministério Público e o juiz têm acesso às informações. À medida que se entrega o mandado à operadora, você não sabe quantas pessoas têm acesso à informação. Com isso, fica vulnerável para detetives particulares obterem informações", afirmou ele. O delegado explicou que, após a autorização do juiz para a execução da escuta telefônica, as próprias operadoras selecionam servidores para grampearem os telefones dos clientes. A partir daí, segundo Zocrato, as empresas têm acesso aos clientes que têm seus números monitorados, por isso poderiam vazar informações de grampos. O delegado Alessandro Moretti, que também participou da operação, lançou um desafio para que as operadoras comprovem o número de funcionários que têm acesso às informações sobre grampos. "Desafio qualquer operadora a me listar as pessoas que têm acesso aos dados que nós passamos para eles", afirmou. Moretti defendeu mudanças na legislação para evitar que as operadoras telefônicas tenham acesso às informações sobre grampos. "Queremos fazer a interceptação sem ter que passar pela operadora, porque é extremamente vulnerável. Só tem que saber do dado quem precisa. A operadora não precisa saber quem está sendo interceptado. O elo mais fraco que temos nessa cadeia é a operadora”. Moretti se mostrou favorável à maior autonomia da Polícia Federal para receber das operadoras telefônicas dados cadastrais de clientes investigados pela instituição. Perguntinha bem simplória: quem vazou para a Rede Globo que o ex-prefeito de São Paulo, ia ser preso, e permitiu que ele fosse filmado de pijama, às 6 horas da madrugada, sonolento, abrindo a porta para os policiais? Por acaso foi a operadora de telefonia?

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