quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Evo Morales já não controla todo o território boliviano

Não é a primeira vez que protestos de grupos oposicionistas impedem o presidente boliviano, Evo Morales, de fazer atos políticos nas regiões hoje governadas pelos oposicionistas. Se analistas, dentro e fora da Bolívia, concordam que são baixíssimas as chances da atual crise política provocar uma desagregação territorial propriamente dita, os protestos como os de terça-feira, que impediram Morales e presidentes aliados de chegarem a Tarija, no sul, são mostras de que o poder do Estado central já não pode se impor em todo o país. "Uma das características do Estado Nacional é o controle do território. Quando um presidente não pode aterrissar numa cidade, não pode receber visitas internacionais, é um claro sinal do questionamento de seu poder, uma prova da desinstitucionalização e da desagregação social da Bolívia", diz o analista Manuel Gonzalo Chávez, professor da Universidade Católica Boliviana. Mas, o analista também critica os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Cristina Kirchner (Argentina) por agendarem a visita. "É sinal também de pouco cuidado e má leitura dos vizinhos sobre a situação. Não é o mais sensato marcar um evento público, que fatalmente seria usado politicamente, num lugar conflagrado”. Para Gonzalo Chávez, "há grupos fora do controle nos dois lados". De um lado, camponeses aliados a Morales. De outro, os comitês cívicos, que reúnem a elite econômica e política nas regiões e rivalizam em poder até com os governadores da oposição em Santa Cruz, Pando, Tarija e Beni. É também forte o poder de mobilização do comitê cívico da cidade de Sucre, no centro. Sede da Constituinte, a cidade se levantou contra Morales porque os governistas não quiseram discutir a inclusão de Sucre como "capital plena" da Bolívia na Carta.

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