sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Fernando Henrique Cardoso critica o policialismo na vida brasileira

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou de provocação a Operação Dupla Face (investigou esquemas de corrupção descobertos no Incra e na Receita Federal), da Polícia Federal, que aplicou algemas em 27 presos. Em conseqüência, o Supremo Tribunal Federal aprovou súmula vinculante, na quarta-feira, que limita o uso de algemas a casos excepcionais: quando o preso oferecer resistência à prisão ou colocar em perigo o policial ou outras pessoas. "O que ocorreu no Mato Grosso foi uma provocação. A Polícia Federal desrespeitou a decisão do Supremo Tribunal Federal quanto ao uso de algemas. O Tribunal determinou que algemas sejam utilizadas apenas quando houver perigo de fuga. Não havendo este perigo, a utilização das algemas é somente para desmoralizar. Isto é inaceitável", disse Fernando Henrique Cardoso. Ele comentou que a "a atuação da Polícia Federal melhorou, está mais eficiente", mas criticou as operações espetaculares. "Isto não é razão para que a Polícia Federal apareça na televisão como um espetáculo e que mostre sua eficiência muito mais para as câmaras do que nos autos dos processos. Porque, quando os autos não são bem feitos, a Justiça anula os resultados. E daí vem o pensamento de que houve marmelada, mas a Justiça muitas vezes anula um processo porque foi malfeito. Acho que a Polícia Federal precisa aumentar sua eficiência na prática e não no espetáculo”. Fernando Henrique Cardoso também criticou o excesso de grampos atualmente: "Também acho um absurdo que haja 450 mil celulares grampeados sobre o pretexto de que foi com a autorização do Judiciário. Isto realmente preocupa”. O ex-presidente defendeu um controle maior da polícia para que o País não viva um "estado policialesco". "Não quero caracterizar que haja no país um estado policialesco, mas há momentos em que ficamos com a sensação de que não há controle sobre a polícia. Eu espero que as outras instituições estejam ativas para evitar que entremos de fato em qualquer estado policialesco”.

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