segunda-feira, 11 de agosto de 2008

PMDB gaúcho faz coletiva de imprensa para explicar as respostas de interpelação contra Feijó e Busatto

A executiva estadual do PMDB do Rio Grande do Sul convocou uma coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, em sua sede, na avenida Farrapos, 2646, em Porto Alegre, para divulgar a posição do partido sobre o resultado das interpelações judiciais contra o vice-governador Paulo Afonso Feijó (DEM) e Cezar Augusto Busatto (PPS), ex-chefe da Casa Civil do governo Yeda Crusius (PSDB) e também ex-secretário da Fazenda no governo Antonio Britto (quando estava no PMDB). As interpelações judiciais foram motivadas após a divulgação, no dia 6 de junho, de uma gravação de conversa no Palacinho, feita pela vice-governador Paulo Afonso Feijó, contendo uma diálogo que envolvia o nome do PMDB, como um dos partidos que faz parte do consórcio de poder instalado desde o governo peemedebista de Antonio Britto e que se beneficiaria do mesmo, patrocinando assim as suas atividades. A velha e sábia avó de um conhecido jurista gaúcho, um senhora uruguaia, muito sábia, dizia sempre para seu netinho: “Menino, gaúcho é papudo”. A pomposa coletiva de imprensa do PMDB serviu apenas para os dirigentes do partido dizerem que ainda não definiram o que irão fazer. Foi a chamada entrevista “Bráulio”. Os que conhecem futebol gaúcho sabem que Bráulio era aquele vistoso atacante colorado, cheio das embaixadinhas que faziam a festa da arquibancada, mas que tinham resultado prático muito pequeno ou nenhum mesmo. Na coletiva de imprensa, formal, contando com a presença do presidente regional do partido, o senador Pedro Simon, e do secretário geral, deputado federal Eliseu Padilha, foi divulgada uma nota oficial, com os seguintes termos: “O PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro, ferido no seu princípio mais elevado – o respeito e a defesa dos bens públicos – por levianas e inverídicas insinuações do senhor Cesar Busatto, veiculadas por gravação editada pelo senhor Paulo Feijó, promoveu na data de 20 de junho de 2008, a interpelação judicial de ambos – o primeiro pelo processo nº 001/2.08.0039918-9, da 10ª Vara Criminal, e o último pelo processo nº 70024959546, do Pleno do Tribunal de Justiça do Estado - para, em se confirmando qualquer ofensa ao partido, serem propostas as competentes ações cíveis e criminais contra os ofensores. Intimados, os notificados responderam aos questionamentos do PMDB/RS e excluíram a este e a seus quadros da prática de qualquer ato dentre àqueles citados na mencionada gravação, editada e veiculada pelo vice-governador Paulo Feijó, como pode, por exemplo, ser comprovado nas seguintes partes das respostas: I – De Cesar Busatto: 1 - “Primeiramente, se tranqüiliza a questão, gizando-se que não ocorreram declarações ou insinuações temerárias, levianas, acusativas, ofensivas ou desairosas por parte do requerido contra o Presidente do Banrisul, contra o Partido do Movimento Democrático Brasileiro ou contra quaisquer de seus líderes, representantes ou filiados”; 2 – “...fragmentou-se, propositalmente, o diálogo havido o que resultou em interpretações de frases e perífrases descontextualizadas, capazes de estabelecerem mal-entendidos e injustiças, como efetivamente ocorreu”;
3 – Perguntas e respostas:
A)- Pergunta do PMDB/RS:
1º B – “O Banrisul teve qualquer participação no financiamento da campanha política do PMDB ao Governo do Estado?”
- Resposta:
O requerido desconhece que o Banrisul tenha tido qualquer participação no financiamento da campanha política do PMDB ao Governo do Estado.
B) - Pergunta do PMDB/RS:
2º B – “Quais os valores recebidos do Banrisul pelo PMDB a título de financiamento a campanhas políticas, desde janeiro de 2003 até hoje?”
- Resposta:
O requerido desconhece quaisquer valores recebidos do Banrisul pelo PMDB a título de financiamento a campanhas políticas.
II – De Paulo Feijó:
1 - “...jamais fez qualquer referência pública ou privada remotamente ofensiva ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB.”
2 – Perguntas e respostas:
A) - Pergunta do PMDB/RS:
1º A – “Quais foram e quais são os integrantes da quadrilha do Banrisul, desde sua criação até hoje?”
- Resposta:
“A afirmativa não se refere ao PMDB.”
B) - Pergunta do PMDB/RS:
2º D – “O PMDB, autor deste procedimento, é parte em qualquer dos atos inquinados de irregularidades na referida investigação e quais as pessoas físicas que deles participaram?”
- Resposta:
“...Ademais, o interpelado não atribuiu ao PMDB qualquer conduta relacionada ao Banrisul”.
C) - Pergunta do PMDB/RS:
3º B – “Na parte que não foi publicada existe qualquer referência ao PMDB como recebedor de qualquer valor no Banrisul para financiamento de campanha ou de suas atividades? Caso positivo, quem recebeu, quem pagou e qual o valor?”
- Resposta:
“Não.”
3 - Assim o interpelado conclui suas respostas:
“Encerra manifestando sua certeza de que suas ações, tanto de gravar a conversa, como de entregá-la às autoridades informadas, foram movidas apenas pela absoluta busca de transparência e de proteção do interesse público, acima de qualquer outra circunstância, e certamente coincidem com a história e as atuais práticas do PMDB”. Ante tais respostas, nas quais os interpelados negam e excluem a participação do PMDB e de seus quadros em qualquer ato censurável em relação ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul ou às suas autarquias, resta ao Partido, sem prejuízo de outras providências que venha adotar, trazer a público tais manifestações para que não paire qualquer dúvida quanto a retidão de sua conduta, bem como a de seus quadros”. E assim, em pleno Dia do Advogado, também conhecido como Dia da Justiça no Brasil, o PMDB do Rio Grande do Sul completa o segundo ato dessa peça teatral de mau gosto, sem qualquer surpresa, porque as falas dos atores todos já eram previamente conhecidas. A interpelação judicial movida pelo PMDB contra os dois personagens (Busato e Feijó) é uma daquelas ações que o interpelado só responde se quer. Se respondeu, é sinal de que, muito provavelmente promoveu um entendimento prévio: avisou que responderia, e receberia em troca a certeza de que não será mais processado daí em diante pelo mesmo tema. Se o PMDB tinha mesmo intenção de reparar o suposto mal que lhe foi feito com a afirmação de que se financiaria com o uso da máquina pública, então que promovesse o verdadeiro processo criminal contra os autores da suposta ofensa, o vice-governador Paulo Afonso Feijó e o ex-secretário da fazenda peemedebista Cesar Busato. A fraca encenação deste Dia do Advogado e Dia da Justiça significa apenas uma coisa: já se entenderam todos, e ninguém mais quer mexer no assunto. O resto é bobabem. Nada disso enterra o fato de que a imensa fraude do Detran ocorreu quase toda ela em governo do PMDB. E na diretoria financeira do Detran estava um peemedebista, Hermínio Bitencourt, nomeado pelo PMDB, com indicação do deputado estadual Luiz Fernando Zachia (PMDB). Em alguns homens proeminentes, a velhice vem acompanhada pela sabedoria e pela clara noção da hora de sair de cena. Outros ficam indefinidamente no palco, esperando a hora de sair acompanhado por personagens menores, brindados com reluzentes pulseiras de prata. Há quem queira fim inglório.

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