quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Protógenes admite uso de agentes da Abin na investigação da Operação Satiagraha

O delegado Protógenes Queiroz admitiu nesta quarta-feira, em depoimento na CPI do Grampo, que a Operação Satiagraha contou com a colaboração de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Ele negou que a Abin tenha dado apoio logístico para a Operação Satiagraha. "Não teve participação da Abin enquanto instituição, mas de alguns membros da Abin. Alguns oficiais que mantêm relação de trabalho com a Polícia Federal participaram. Nas interceptações telefônicas, só participam policiais federais", afirmou ele. Protógenes Queiroz defendeu que a Polícia Federal tenha autonomia para receber das operadoras telefônicas dados cadastrais de clientes investigados pela Polícia Federal, sem a necessidade de autorização judicial prévia, o que seria, literalmente, a instauração do Estado totalitário. Na prática, Protógenes se mostrou favorável em aumentar os poderes da Polícia Federal ilimitadamente para quebrar o sigilo dos dados de clientes das operadoras. "De ofício, a autoridade policial não tem esse poder de decretar escutas telefônicas. Deveria ter, na minha avaliação, a exemplo do que ocorre com policiais de outros países. Até para os senhores fazerem uma reflexão nessa CPI para que os trabalhos sejam no sentido não apenas de encontrar dificuldades desse instrumento que, para alguns, têm um grande temor, mas para que a sociedade tem sido valiosas", afirmou ele. O sujeito é perigoso. Ele pensa que é o guardião supremo da sociedade. Questionado sobre denúncia do jornal Folha de S. Paulo, de que a Polícia Federal recebeu senhas para monitorar o histórico de chamadas não apenas dos investigados, mas de qualquer assinante do País, Protógenes sinalizou que a Polícia Federal adotou mesmo esse mecanismo. Na opinião de Protógenes, o aparato estatal "tem que se valer de direitos fortes para maior segurança não só da sociedade, mas das instituições". A postura do delegado Protógenes Queiroz de se recusar a responder à maioria das perguntas elaboradas por integrantes da CPI provocou um bate-boca entre os parlamentares que acompanham a sessão. O grupo de deputados favoráveis a Protógenes trocou insultos com os parlamentares que insistiam para que o delegado revelasse detalhes da operação. Depois de ouvir por mais de seis horas o delegado Protógenes Queiroz, a CPI das Escutas Clandestinas da Câmara aprovou nesta quarta-feira requerimento que prorroga os trabalhos da comissão por mais 120 dias. A comissão também aprovou requerimento para requisitar à 6ª Vara Federal Criminal, em São Paulo, cópia do mandado judicial que autorizou o monitoramento de ligações de assinantes das companhias telefônicas pela Polícia Federal.

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