terça-feira, 9 de setembro de 2008

Denunciado torturador uruguaio que dá aula de história na Escola Militar

Desde abril, por resolução do Ministério da Defesa do Uruguai, os alunos da Academia Militar recebem aulas de História Militar proferidas pelo torturador uruguaio Glauco Yannone, um dos militares que seqüestrou a professora Lilian Celiberti e Universindo Rodriguez em Porto Alegre, em 1978. Ele foi designado para o cargo em abril deste ano, por uma resolução do atual Ministério de Defesa Nacional. A presença do torturador nos quadros docentes da academia que instrui as futuras gerações de oficiais uruguaios indignou os ativistas de direitos humanos e expôs o Ministério da Defesa de um governo esquerdista, como o de Tabaré Vazques. O ex-preso político Universindo Rodríguez, seqüestrado infamemente em Porto Alegre, com a total conivência de agentes militares e policiais federais e civis gaúchos, não ocultou o seu assombro com a descoberta. Disse ele: "Yannone seqüestrou Lilian Celiberti pessoalmente na rodoviária de Porto Alegre no dia 12 de novembro de 1978, e a mim no apartamento da rua Botafogo, bairro do Meninos Deus, no dia seguinte. Foi Yanone quem nos torturou na sede do DOPS, localizado no Palácio da Polícia, em Porto Alegre, até que nos transferiram para o Uruguai”. O torturador infame Glauco José Yannone de León ("Javier" e "Isidorito") nasceu no dia 26 de abril de 1946 e entrou para o Exército do Uruguai no dia 1º de marzo de 1967, na arma da Infantaria. Em duas ocasiões foi aluno da Escola das Américas, onde fez o curso de inteligência "C-1", em 1970, e a especialização do curso de "Contrainsurgência" no começo de 1976. Reformado com o posto de coronel, Yannone atuou como alféres no Batalhão de Infantaría Nº 5, de Mercedes, Soriano, en 1971, e entrou para a Companhia de Contrainformaciones do Comando Geral del Exército em 1977. Foi ali que, junto com o capitão Eduardo Ferro, ele montou e comandou a operação de seqüestro de Lilian Celiberti e Universindo Rodriguez, no âmbito da Operação Condor (contou com todo o auxílio de forças repressivas brasileiras, desde a Polícia Civil gaúcha, a Polícia Federal e os órgãos de repressão das Forças Armadas). Em 1978, no posto de capitão, foi transferido para cumprir funções no Establecimiento Militar de Reclusión Nº 2 (Punta de Rieles) e, em 1980, começou a trabalhar na Escola de Inteligência do Exército, até que, em 1982, foi integrado à Oficina de Coordinadora de Operaciones Antisubversivas (OCOA) e passou a operar dentro do centro clandestino de La Tablada. Depois da redemocratização, continuou trabalhando normalmente no Exército uruguaio. Até participou de missões de paz da ONU. E (caia para trás) ganhou o Prêmio Novel da Paz de 1988. Ele chegou a participar da solenidade de entrega do prêmio em Oslo.