segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Desentendimento político em Salvador ameaça acordo para a eleição presidencial de 2010

A aliança política PT-PMDB, que elegeu o petista Jaques Wagner governador da Bahia em 2006 e levou o peemedebista e então deputado federal Geddel Vieira Lima ao Ministério da Integração Nacional, corre o risco de não sobreviver à eleição municipal do próximo dia 5 de outubro. Os dois partidos, que já vinham se estranhando por causa da eleição para a prefeitura de Salvador, agora radicalizaram de vez, com seus candidatos e dirigentes trocando acusações públicas. Um desses dirigentes comenta: "Desse jeito, só Deus sabe o que acontecerá no segundo turno". O acordo que existia na Bahia previa que o PT apoiasse o peemedebista Geddel Vieira Lima para o governo do Estado, enquanto o PMDB baiano apoiaria as pretensões do governador petista Jaques Wagner de ser o candidato do PT à sucessão de Lula. Se Jaques Wagner só puder concorrer à reeleição na Bahia, o PT apoiaria Geddel para senador. Candidato à reeleição pelo PMDB e terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o atual prefeito João Henrique passou a utilizar o horário eleitoral gratuito para atacar de forma ostensiva o candidato petista Walter Pinheiro (quarto colocado), a quem acusa de "trair Salvador e o presidente Lula, de não ser digno do governador Wagner e de mentir com interesses eleitoreiros". Exibindo fac-símile de jornais da época, a propaganda peemedebista relembra divergências entre Walter Pinheiro e o Palácio do Planalto na votação da reforma administrativa, no primeiro governo Lula, quando o petista se recusou a votar conforme a orientação de seu partido. Por conta disso, Pinheiro foi suspenso do PT e Lula vetou seu nome para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Com a ofensiva, o PMDB tenta desfazer a imagem que Pinheiro vem construindo ao longo de duas semanas no horário eleitoral, de que ele, Wagner e Lula formam um mesmo time. Os programas da candidatura do PMDB dão a entender que, através do ministro Geddel Vieira Lima e de outros oito ministros peemedebistas, o prefeito João Henrique tem acesso direto ao presidente Lula, sem a intermediação do governador baiano.