segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Dossiê colombiano diz que partido italiano manteve relações "além da política" com as Farc

Um dossiê do governo colombiano acusa o partido Refundação Comunista italiano de ter mantido relação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, organização terrorista e traficante de cocaína) "que vai além dos simples contatos políticos". Esta relação decorr dos e-mails e documentos encontrados no computador do dirigente terrorista Raul Reyes, o segundo principal responsável das Farc até 1º de março deste ano, quando morreu após um bombardeio das tropas colombianas. O jornal La Republica acrescenta que, com base nesses documentos, "emergem apoios explícitos, coleta de dinheiro, troca de informações e o caso de um representante das Farc na Europa (Lucas Gualdron) que esteve em uma clínica na Suíça com as despesas a cargo do partido". O jornal cita membros da Refundação Comunista, Ramon Mantovani e Marco Consolo, que no começo deste mês reconheceram ter mantido durante anos contatos políticos com as Farc, mas insistiram em que estes se desenvolveram sempre de forma oficial. No entanto, segundo o relatório citado pelo jornal, dos documentos encontrados surge um apoio que vai "além de relações políticas" com as Farc, grupo desde 2002 na lista de organizações terroristas da União Européia (UE) e da ONU e que, naquele momento, tinha como refém a franco-colombiana Ingrid Betancourt. Após o fracasso, em 2002, das negociações de paz entre as Farc e as autoridades colombianas e quando o novo governo do país latino-americano proibiu qualquer contato com o grupo, a "Refundação Comunista agiu como se nada tivesse acontecido e prosseguiu de maneira secreta os contatos", diz o jornal. Marco Consolo escreveu a Reyes que esperava se encontrar com ele, com uma delegação na qual haveria "companheiros mais importantes" que o próprio membro da Refundação Comunista, segundo o "La Repubblica". O jornal publica alguns e-mails, entre eles um de dezembro de 2004, em relação ao seqüestro de Ingrid Betancourt, no qual Marco Consolo diz: "Existe o risco concreto de que se transforme em um bumerangue".