quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Estados bolivianos rejeitam referendo do cocaleiro trotskista Evo Morales e aprofundam impasse no país

Oito das nove cortes departamentais eleitorais da Bolívia declararam nesta quarta-feira apoio à decisão da Corte Nacional Eleitoral e também rejeitam a realização do referendo sobre a nova Constituição convocado por decreto pelo presidente cocaleiro trotskista Evo Morales para o dia 7 de dezembro. As cortes dos departamentos (correspondentes a Estados no Brasil) têm um importante papel na realização de eleições no país, com funções que vão do cadastramento do eleitorado à colocação das urnas e apuração dos votos. Pela estrutura institucional boliviana, caberia ao Tribunal Constitucional resolver esse impasse, mas ele está esvaziado e sem poder de decisão. Apesar do parecer da Corte Nacional Eleitoral e das declarações dos presidentes das cortes regionais, o cocaleiro trotskista Evo Morales reiterou nesta quarta-feira que o referendo será realizado. As declarações aprofundam o impasse que a Bolívia vive em torno do referendo e geram muitas dúvidas. "A situação é complicadíssima", disse o analista político e econômico Gonzalo Chávez, diretor do mestrado para o desenvolvimento da Universidade Católica Boliviana. "A partir de agora, existem várias possibilidades. O governo pode pressionar para que o presidente da Corte Nacional Eleitoral renuncie para assim nomear uma nova autoridade em seu lugar. Outra alternativa é o governo realizar o referendo mesmo contra a decisão da Corte Nacional Eleitoral. Mas ele ainda não disse como poderá fazer isso. O governo criará uma estrutura eleitoral própria? Ninguém sabe", comentou Gonzalo Chávez.