segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Folha de S. Paulo antecipou resultado da licitação do Metrô paulistano

O resultado da licitação para a construção da via permanente 2-Verde do Metrô paulistano, obra de mais de R$ 200 milhões, foi antecipado pelo site do jornal Folha de S. Paulo, o Folha Online, na última quinta-feira, oito horas antes da abertura dos envelopes. O nome da vencedora e detalhes do processo foram ocultados em texto sobre a ópera "Salomé", em cartaz na Sala São Paulo. Conforme o jornal Folha de S. Paulo, o fato dele ter antecipado o nome dos vencedores mostra que a concorrência pode ter sido direcionada, de forma a dar vitória ao consórcio liderado pela empresa Camargo Corrêa. A obra em questão trata da ampliação da linha 2-Verde no trecho de Alto do Ipiranga até Vila Prudente. Hoje essa linha vai da Vila Madalena até o Alto do Ipiranga. Essa expansão é uma das bandeiras políticas da gestão José Serra (PSDB). As empresas excluídas da licitação já avisaram que irão à Justiça contestar o resultado. Pelo conteúdo dos envelopes, o consórcio Camargo Corrêa/Queiroz Galvão apresentou a "melhor" proposta. O consórcio pediu R$ 219,7 milhões para executar a obra, valor 12% acima dos R$ 196 milhões previstos pelo Metrô. A segunda colocada foi a empresa Andrade Gutierrez, que pediu R$ 222,1 milhões. A terceira colocada foi a OAS (R$ 226 milhões). Para excluir quatro das oito empresas que disputavam a licitação, o Metrô usou um parecer técnico da Ieme Brasil, empresa contratada como projetista da linha 2-Verde. Ela prestou serviço à Camargo Corrêa. O procedimento é contestado administrativa e judicialmente pelas perdedoras (Galvão/Engevix; Iesa Consbem/Serveng; Carioca/Convap/Sultepa; Tejofran/Somafel). Conforme o jornal Folha de S. Paulo, a Ieme não poderia participar nem "direta" nem "indiretamente" do processo. O Metrô informou a exclusão das quatro empresas no Diário Oficial do Estado da última terça. Para fundamentar a decisão, em vez de produzir um parecer próprio, a direção do Metrô usou o que a Ieme fez para a Camargo Corrêa. Ou seja, o Metrô usou o argumento de uma das concorrentes para desclassificar as demais. Para “especialistas” consultados pelo jornal Folha de S. Paulo, isso foi o bastante para “contaminar” o processo licitatório. A Folha Online apurou que o Ministério Público paulista já requisitou cópia da reportagem "Folha Online antecipa vitória em licitação de obra do metrô de São Paulo" para abrir um inquérito que irá investigar se houve irregularidade no processo licitatório.