segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Revista Veja mostra a farra do Caixa 2 dos petistas trotskistas gaúchos em campanha de Maria do Rosário

A edição da revista Veja que está nas bancas apresenta uma matéria que serve como derrubada da máscara dos que se portaram durante quase três décadas no Rio Grande do Sul como as grandes vestais da moralidade. Trata-se do grupelho trotskista DS – Democracia Socialista, que tem personagens de alguma expressão, como o deputado estadual petista Raul Pont (ex-secretário geral do PT nacional); Miguel Rossetto (ex-ministro da Reforma Agrária); Arno Augustin (ex-secretário da Fazenda no governo petista de Olívio Dutra, atual secretário geral do Tesouro Nacional) e Paulo Peretti Torelly, ex-procurador geral também no governo petista de Olívio Dutra. Este grupelho trotskista DS é diretamente originário do antigo POC (Partido Operário Comunista), resultado da fusão da antiga Dissidência do Partidão (PCB) com a Polop (Política Operária). Um dos chefões do POC foi o atual clone de chanceler de Lula, Marco Aurélio “Top Top” Garcia, ex-dirigente da 4ª Internacional. Os trotskistas da DS gostam de se apresentar como os próprios guardiões da moralidade. Pois bem, no último dia 23 de julho, o petista Paulo Roberto Salazar da Silveira, de 47 anos, conhecido entre os militantes do partido como Paulo Salazar, ingressou com uma ação judicial no Fórum de Porto Alegre contra o PT e os deputados estaduais petistas Raul Pont e Elvino Bohn Gass. Este Elvino Bohn Gass ainda posou, nos últimos meses, como o último paladino da moralidade petista, com estridente atuação na CPI do Detran. Agora, pela denúncia de seu companheiro de partido sabe-se que ele é acusado de tomar o salário de funcionário que trabalha em seu gabinete. O processo movido por Paulo Roberto Salazar da Silveira é o de nº 10801965571, que tramita na 16ª Vara Civil do Foro Central de Porto Alegre, aos cuidados do juiz Mauro Caum Gonçalves, no qual ele cobra uma indenização de 445 mil reais. E, atenção: Paulo Roberto Salazar da Silveira é técnico em telefonia. Pela denúncia de Paulo Roberto Salazar da Silveira fica-se sabendo que a campanha da deputada federal Maria do Rosário para a prefeitura de Porto Alegre, em 2004, quando ela concorreu como vice de Raul Pont, teve literalmente de tudo: revenda de selos retirados de gabinetes de parlamentares do partido, notas, uso de dinheiro público, apropriação de salários de companheiros, etc.... Mais do que isso: a candidatura dela tinha até um comitê eleitoral extra-oficial (eufemismo para dizer “clandestino”) para fazer caixa dois. Paulo Roberto Salazar da Silveira, que teve papel chave em toda a operação, conta em detalhes como funcionou o negócio. Diz ele: "É uma ação corriqueira no PT". No processo, Paulo Salazar pretende provar que, entre 1998 e 2005, era obrigado a devolver ao partido cerca de 4.000 reais mensais que recebia como assessor parlamentar em gabinetes de deputados do PT na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. O ex-petista também reclama uma indenização material e moral pelo uso indevido de duas contas bancárias e de seu cartão de crédito por um comitê eleitoral do partido. A ação judicial pode ser o fio da meada para desnudar os métodos de financiamento de campanhas políticas do PT com dinheiro público. Salazar contou o que fez e o que viu como um dos arrecadadores de campanhas eleitorais do partido. Conforme Salazar, entre 1999 e 2005 ele foi funcionário-fantasma nos gabinetes de Raul Pont e do deputado estadual Elvino Bohn Gass. Além de não trabalhar, ele repassava o dinheiro que recebia integralmente aos parlamentares. "Eu sacava todo o salário na boca do caixa no dia seguinte ao pagamento. Até férias e décimo terceiro eram devolvidos. O dinheiro ia para o caixa dois da DS (Democracia Socialista)", afirma ele. Extratos da conta de Salazar, em poder da Justiça, comprovam os saques. O esquema de caixa dois recebia notas frias de uma gráfica acima e, segundo o assessor, contava com a participação do deputado estadual Raul Pont. Em vez de trabalhar na Assembléia Legislativa, Salazar conta que despachava na sede da Associação Em Tempo. Esta associação é a fachada do grupo originário lá do POC, que sempre teve Raul Pont como um dos seus expoentes. Esta Associação Em Tempo tinha um jornal revolucionário que era amplamente distribuído em São Paulo na segunda metade da década de 70 e no Rio Grande do Sul. A associação e o jornal eram sustentados por Marília Andrade, herdeira do grupo Andrade Gutierres, que foi militante do POC. Paulo Salazar diz na ação que ajuizou na 16ª Vara Civil que essa Associação Em Tempo, velha conhecida de Raul Pont e dos petistas, inclusive da ex-comunista Maria do Rosário (ela se criou politicamente no PCdoB) administrava um comitê eleitoral extra-oficial em Porto Alegre. Paulo Salazar informa mais: que ele administrava o caixa dois do grupelho trotskista DS (Democracia Socialista) e que recebia salário de 2.000 reais da Associação Em Tempo, valor com o qual sustentava sua família. Na eleição municipal de 2000 (aquela em que o candidato foi o peremptório Tarso Genro, tendo como vice uma figura sem expressão da DS, o auditor de contas João Verle), Paulo Salazar conta que recolhia dinheiro vivo em escritórios de advocacia a cada quinze dias. Um comitê importante dessa campanha petista funcionava em escritório emprestado pelo argentino César de La Cruz Mendoza Arrieta, megrafraudador da Previdência. Esse escritório funcionava em um prédio ao lado da Caixa d’Água, no Bairro Moinhos de Vento, no mesmo edifício onde, meses depois da campanha, Tarso Genro comprou um conjunto de escritório do empresário Pedro Sirotski. Conforme Paulo Salazar, as remessas dos advogados variavam entre 20.000 e 40.000 reais. Ele afirma ter arrecadado 250.000 reais para as campanhas dos trotskistas apenas nessa eleição. Paulo Salazar também afirma que recolhia malas de dinheiro em empresas de bebidas, laticínios, material esportivo e até em sindicatos. "Era tudo por fora, tudo caixa dois. Nada entrava nas prestações de contas", diz ele. Paulo Salazar também que os trotskistas não tinham qualquer escrúpulo, dinheiro público ou privado era perseguido com obstinação pela Democracia Socialista. Ele também acrescenta que, na campanha de 2002, quando o Palácio Piratini estava ocupado pelo “exterminador de empregos” Olívio Dutra, o "financiamento" da campanha petista passou a ser estatal. Segundo Paulo Salazar, a secretaria do Trabalho, aparelhada pela DS, alugou dez carros e quarenta telefones celulares usados na campanha de seus candidatos a deputado, entre eles Raul Pont. No total, segundo Salazar, a operação rendeu 1 milhão de reais. Ele continua dizendo que, para arrecadar dinheiro e manter seus candidatos, valia tudo. Os vereadores petistas, por exemplo, entregavam suas cotas de selos. O então vereador petista Carlos Pestana, da DS, cedeu sua cota mensal de selos ao grupo. Salazar narra ter transformado a "doação" em dinheiro vivo ao revender os selos a uma agência franqueada dos Correios pela metade do seu valor de face. Na campanha para a prefeitura de Porto Alegre, em 2004 (na qual Maria do Rosário chorou lágrimas copiosas ao ser derrotada por José Fogaça), Paulo Salazar informa que, apenas mercadejando selos de parlamentares petistas, arrecadou 25.000 reais. Raul Salazar reuniu extratos bancários e diz que 400 000 reais "não contabilizados" passaram por suas mãos para essa campanha da estridente Maria do Rosário junto com Raul Pont. E ele arremata ainda de forma contundente: ele diz que os dois tinham pleno conhecimento do caixa dois. O que levou Paulo Salazar a denunciar seus antigos companheiros trotskistas não se limita ao salário de funcionário-fantasma que repassava integralmente ao PT. Ele reclama que o partido não honrou despesas que assumiu para financiar candidatos petistas. Oito cheques assinados por ele, somando 37.500 reais, foram devolvidos. Um financiamento bancário de 30.000 reais, que ele diz ter tomado para financiar as campanhas petistas, também não foi pago. Salazar se sente enganado sobretudo pela complexidade do trabalho que diz ter prestado ao PT. Além de vender selos e carregar malas de dinheiro ilícito, uma de suas funções era conseguir notas fiscais frias para as empresas que contribuíam com o caixa dois do partido. Uma de suas fontes de notas fraudulentas era a gráfica Comunicação Impressa. A empresa, que recebeu 75.000 reais do valerioduto em 2005, é uma freqüente fornecedora petista. Ela aparece até na prestação de contas da campanha de Tarso Genro ao governo do Rio Grande do Sul, em 2002. O juiz Mauro Caum Gonçalves já aceitou a gratuidade da Justiça para o autor da ação, e também já determinou que Banrisul e Unibanco forneçam extratos de movimentação financeira do autor relativos ao período de agosto de 1999 a fevereiro de 2005. Talvez a deputada federal Maria do Rosário deva explicar como comprou a magnífica casa que tem em Porto Alegre (na foto, acima, a gráfica Comunicação Imprensa, a deputada federal petista Maria do Rosário e Paulo Salazar).