domingo, 26 de outubro de 2008

Especialistas dizem que Brasil pode ganhar poder com "nova ordem mundial"

A crise econômica mundial está provocando mudanças profundas na geopolítica e, nesse novo cenário, o Brasil pode assumir um papel de maior destaque, afirmaram especialistas reunidos na sexta-feira em São Paulo. Segundo o historiador Paul Kennedy, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, o "momento unipolar" (expressão cunhada pelo analista Charles Krauthammer) surgido após a Guerra Fria, em que os Estados Unidos assumiram uma posição de grande poder, dá mostras de estar chegando ao fim. Diretor de Estudos de Segurança Internacional de Yale, Kennedy atraiu atenção mundial no final da década de 80, ao lançar o livro “Ascensão e Queda das Grandes Potências”, em que discutia o declínio dos Estados Unidos. De acordo com o professor, se no aspecto militar os Estados Unidos continuam sendo uma grande potência, na área econômica e de finanças o cenário é diferente. "Mesmo antes da crise dos mercados de “subprime” já era possível perceber uma mudança de poder, com a crescente influência de outras partes do mundo, como a Ásia", disse Kennedy. Segundo Kennedy, a atual crise deve marcar o início de um mundo multipolar, no qual os países são interdependentes e estão interconectados. "A crise mostrou que o Fed já não pode agir sozinho", disse. "Os países devem trabalhar juntos". Com essa nova realidade, disse Kennedy, ganha cada vez mais importância o chamado "soft power", termo criado pelo professor de Harvard, Joseph Nye, para definir o poder de uma nação de influenciar e persuadir, sem uso de força militar, mas pela diplomacia. Entre os países que poderiam exercer esse tipo de influência, os especialistas citam o Brasil.