sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ex-chefe do DOI-Codi, coronel Ustra é declarado torturador pela Justiça de São Paulo

O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi, centro de tortura durante a ditadura militar, que funcionou na Delegacia de Polícia da rua Tutóia, em São Paulo, foi considerado torturador pela Justiça do Estado de São Paulo, em sentença do juiz Gustavo Santini Teodoro. A decisão dada nesta quinta-feira. Ustra foi responsabilizado pelo crime de tortura contra César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles e Criméia Alice Schmidt de Almeida. Em 28 de dezembro de 1972, César Augusto e Maria Amélia foram presos em São Paulo pelos militares. No dia seguinte, os filhos do casal, Edson e Janaína, então com 4 e 5 anos, respectivamente, foram tirados de sua casa, em Cidade Ademar, zona Leste de São Paulo, e levados para o prédio do Doi-Codi, junto com Criméia Alice Schmidt de Almeida, grávida de sete meses, irmã de Amélia. O casal foi torturado na frente das crianças na operação liderada pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. “É um sinal de que a impunidade está acabando neste País”, disse Criméia, espancada pelo próprio coronel Ustra na prisão. Ela, a irmã Amélia, o cunhado César, e os dois sobrinhos Edson e Janaína ajuizaram a ação sem pedir qualquer indenização. “A intenção era reconhecer que houve tortura e torturadores no Brasil”, disse ela. O advogado da família, Anibal Castro de Souza, explica que a ação declaratória é um grande avanço para a democracia brasileira: “Estamos pedindo o direito à verdade. É a prova de que os tempos estão mudando, que hoje conseguimos o que antes era impossível”.