segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mercedes Rodrigues entrega carta de demissão e sai do governo Yeda Crusius

A secretária de Transparência do governo do Rio Grande do Sul, Mercedes Rodrigues (PSDB), entrou sua carta de demissão na tarde desta segunda-feira. Ela queria entregar a carta para a governadora Yeda Crusius (PSDB), que não a recebeu. Então procurou o chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel (PSDB), para fazer a entrega da carta. E depois disso convocou uma coletiva de imprensa para dar suas explicações. Em resumo: ela deixou claro que se retirou do governo gaúcho porque se sentiu desprestigiada, já que foi colocada em uma secretaria que não existe, e que precisaria ser criada por lei pela Assembléia Legislativa. Isto era exatamente o que ela desejava. Ora, a corporativa Mercedes Rodrigues, que pensa com a cabeça de corporação, como procuradora de Estado aposentada, queria criar mais cargos, mais empregos, mais gratificações, mais atribuições. E isso a governadora Yeda Crusius barrou, no que fez muito bem. A secretaria de Transparência não precisa de uma máquina especial e específica, cheia de atribuições legais, para fazer o trabalho para o qual havia sido idealizada. Qualquer jornalista, sem nenhum preparo específico, pode fazer os levantamentos necessários para gerar os relatórios na Secretaria de Transparência. Ninguém precisa de cargo de procurador para a Secretaria de Transparência. Sem dúvida, Mercedes Rodrigues era uma pessoa além do necessário na administração do Estado. Ela fez um grande bem para a sociedade gaúcha pedindo a sua demissão. Só para dar um exemplo: o editor de Videversus, jornalista Vitor Vieira, levou sete meses estudando processos que cabiam em uma Kombi, sobre os contratos de lixo da prefeitura de Porto Alegre, referentes aos anos de 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 e 2001. Então, em novembro de 2001, apresentou uma denúncia ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, requerendo a instalação de uma auditoria extraordinária nas contas desses anos todos no DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Pública). Os auditores do Tribunal de Contas se insubordinaram e recusaram fazer a auditoria, aceitando examinar apenas as contas dos anos de 2000 e 2001. O editor de Videversus havia apontado um desvio de mais de 50 milhões de reais nesses anos pelas administrações petistas na prefeitura de Porto Alegre. Mesmo contrariados, examinando de maneira superficial apenas as contas de 2000 e 2001, os supérfluos auditores do Tribunal de Contas apuraram um desvio de recursos públicos superior a 1 milhão de reais. E por essa razão está condenado o petista Darci Barnech Campani, ex-todo poderoso faraó petista no DMLU, onde imperou durante 13 dos 16 anos do reinado petista na prefeitura de Porto Alegre. Como se vê, querendo investigar e levantar recursos públicos, qualquer um pode fazer isso. O problema é vontade, não é criar cargos para depois trabalhar.