terça-feira, 7 de outubro de 2008

Perfil de bancos brasileiros livra Brasil de uma crise hipotecária

Até mesmo o governo do presidente Lula já admite que a crise financeira dos Estados Unidos poderá reduzir o ritmo de crescimento da economia brasileira em 2009. Economistas descartam, no entanto, que o país possa enfrentar algo nos moldes da crise hipotecária, que começou nos Estados Unidos e já deixa seqüelas na Europa. Segundo o economista Jason Freitas Vieira, economista-chefe da Uptrend Consultoria Econômica, a diferença de perfil entre os bancos brasileiros e os norte-americanos impede que a crise de crédito hipotecário de alto risco ("subprime") atinja o sistema financeiro por aqui. Além de ter operações menos alavancadas, os bancos brasileiros dispõem de um varejo capaz de garantir a entrada generosa de recursos. "O perfil é diferente dos bancos aqui e nos Estados Unidos e isso define que não vamos ter crise de hipotecas. Somos menos alavancados e a base de varejo é muito grande nos bancos brasileiros, o que garante recursos. Também não temos ativos podres com alto risco de calote. A crise hipotecária é baseada em empréstimos sem vergonha, os 'subprime', com lastro ruim, que era a especulação imobiliária", explica Vieira. A atitude dos Estados Unidos beira a irresponsabilidade, conforme o economista. Segundo ele, há pelo menos três anos o governo e o sistema financeiro têm sido avisados dos riscos a que a economia norte-americana se submetia, financiando clientes, de modo geral, de baixa renda, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar capacidade de pagar dívidas.