segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Analistas prevêem PIB trimestral brasileiro próximo de zero

A economia brasileira está sentindo, mais rapidamente do que se esperava, os efeitos da crise global. Nos últimos dias, vários analistas alteraram para pior as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no 4º trimestre. Parte deles prevê estagnação e alguns já falam até em retração. Resumindo: encolhimento. O pessimismo desses especialistas se consolidou com a divulgação de alguns indicadores antecedentes, ou seja, que apontam a tendência para a economia. A confiança dos empresários em outubro, por exemplo, caiu para o nível mais baixo desde julho de 2005, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em tese, os dados de outubro deveriam ser vistos com certa desconfiança, pois o mês foi o pior da crise até agora, com perdas brutais nas bolsas de valores e forte contração do crédito. No entanto, os especialistas notam que algumas dificuldades entraram novembro adentro, o que levou à revisão das projeções para o trimestre inteiro. Além disso, a percepção de agravamento da crise nos países ricos deixou consumidores e empresários ressabiados. O setor de embalagens, visto como um termômetro das condições futuras da economia, detectou indícios de redução na demanda em novembro. Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que diversos setores já demitiram nas últimas semanas. Montadoras deram férias coletivas a milhares de funcionários. O impacto da crise econômica no emprego foi mais rápida do que o que a maioria dos analistas esperava. Segundo dados de sindicatos e empresas, a crise foi responsável por pelo menos 6,5 mil pessoas nos últimos 45 dias. O número pode ser muito maior, pois as homologações em sindicatos contabilizam apenas as demissões de funcionários com mais de um ano de casa. "Chegamos a fazer mais de 100 homologações por dia nas duas últimas semanas de outubro", conta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, Antônio de Souza Ramalho. A construção civil foi um dos setores que mais demitiram por causa da crise, assim como a metalurgia (que inclui a cadeia automotiva) e os eletroeletrônicos.