domingo, 23 de novembro de 2008

Comissão de Anistia quer pesquisar ligações entre empresas e ditadura

A Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério da Justiça, quer detalhar em pesquisa o apoio dado por empresas privadas à ditadura militar (1964-1985) no Brasil. O tema deve fazer parte de 18 estudos a serem elaborados a partir de 2009. De acordo com o presidente da comissão, Paulo Abrão, estudiosos serão contratados para elaborar documentos sobre temas variados, entre eles "a participação da sociedade civil" na ditadura militar. "Nós vamos contratar algumas pesquisas específicas sobre essa teia de perseguição que extrapolou e muito a ação do próprio Estado, como a Oban (Operação Bandeirantes)", disse Abrão, durante o Seminário Latino-Americano de Justiça de Transição, na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. A Oban foi uma articulação governamental, criada em 1969 e financiada por empresários, para combater os grupos armados revolucionários que queriam derrubar a ditadura militar e implantar a ditadura do proletariado no Brasil, como o POC (Partido Operário Comunista), de Marco Aurélio “Top Top” Garcia. Paulo Abrão deu a declaração após ser questionado por um conferencista sobre se o Brasil pretende responsabilizar empresas privadas que deram apoio à ditadura no País. "A comissão não tem competência efetiva de investigar esses fatos, mas no meio do projeto do Memorial de Anistia Política ela procurará desenvolver resultados a partir do acervo dos processos da Comissão de Anistia", respondeu Paulo Abrão.