segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Polícia prende conselheiro do Grêmio, filho de secretário de Estado

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com uma força tarefa comandada pelo delegado Ranolfo Vieira Junior, diretor geral do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), prendeu na sexta-feira, na Operação Coantra-Ataque, três gremistas acusados de serem autores dos disparos que resultaram em ferimentos muitos graves em outros dois torcedores gremistas, Lucas Ballardin (19 anos), baleado na cabeça, e Marca Santos (30 anos), baleado no abdômen, há 15 dias, em saída de jogo de futebol no Estádio Olímpico. A operação Contra-Ataque, que contou com 100 agentes do DEIC, cumpriu nove mandados de prisão preventiva e 17 de busca e apreensão a integrantes da Geral do Grêmio em Porto Alegre, Canoas e Esteio. As prisões da Polícia Civil ocorreram 12 dias depois de integrantes da Geral Ataque Surpresa (G.A.S.), facção da Geral do Grêmio, entrarem em confronto com a Máfia Tricolor após o jogo Grêmio x Coritiba, nas imediações do Estádio Olímpico, quando foram baleados os dois torcedores. Os presos não são quaisquer vagabundos, nem favelados, nem marginais, nem presos foragidos. São simplesmente adultos, classe lata, universitários. O principal acusado é o preso Bruno Ortiz Porto, 23 anos, conselheiro do Grêmio, filho do secretário de Estado da Irrigação, Rogério Porto. Os outros dois presos são: Rodrigo Godoy Bandaz e Eduardo Adriano Villodre. Estão foragidos os seguintes personagens: Marcos Fabrício Pinent Sampaio de Oliveira, Rodrigo Marques Rysdyk, Vagner Rodrigo Roza da Silva, Diego da Costa Oliveira, Bruno Pisoni Garcia e Mauro Tiago Garcia de Barros. Todos devem ser indiciados por formação de quadrilha e racismo. A Polícia Civil antecipou a sua operação porque recebeu notícia de que antes bandidos de colarinho branco iam promover arruaças no Grenal de juvenis no Estádio Olímpico, no sábado. Os responsáveis pelos disparos serão indiciados por tentativa de homicídio. Se alguma das vítimas morrer, a acusação aumentará de gravidade. Durante a operação foram apreendidos nove computadores e dois laptops. A polícia vai periciar os computadores para saber se eles contêm material racista. Uma das motivações para o conflito durante o qual foram feitos os disparos que atingiram os dois gremistas foi uma bandeira desfraldada no Estádio Olímpico em homenagem a Everaldo, zagueiro esquerdo da Seleção Brasileira, ídolo do Grêmio. O clube tem uma tradicional história de racismo. Um dos exemplo mais notáveis é o da ex-miss Brasil Deise Nunes. Gremista, ela foi proibida de disputar o concurso Rainha das Piscinas, em 1982. Acabou participando do concurso representando o Internacional. Ganhou o título, depois o de Miss Gaúcha e Miss Brasil. Recentemente, um outro conselheiro do Grêmio, acompanhado por familiares negros, foi destratado no vestiário pelo próprio presidente do clube, deputado estadual Paulo Odone (PPS). Na operação policial, no apartamento de Diego da Costa Oliveira, conhecido como Feijão, foram encontrados camisetas, toucas, mantas e materiais esportivos do Grêmio e do Inter (estes como troféus, tomados de torcedores colorados). Na casa do conselheiro gremista Bruno Ortiz Porto foram encontrados uma réplica de uma pistola, uma touca Bin Laden, um computador e material esportivo do Grêmio e do Inter. Na residência de Marcos Fabrício Pinent Sampaio de Oliveira, o Sagati, havia um fuzil calibre 7.62 e um revólver calibre 44. As prisões preventivas foram solicitadas pela Delegacia de Homicídios e decretadas pela juíza Marta Borges Ortiz, da 2ª Vara do Júri.

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