segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A guerra da informação na Faixa de Gaza

Em contraste com a situação dos jornalistas barrados, as forças israelenses divulgaram imagens de caminhões carregados de mantimentos ingressando o território pelo sul da faixa de Gaza (por Kerem Shalom). É um dos mais de 20 vídeos publicados no canal que as Forças de Defesa abriram no Youtube na última segunda-feira. "A blogosfera e as novas mídias são basicamente uma zona de guerra", disse a major Avital Leibovich, porta-voz do Exército, sobre o canal no Youtube. "Muitas vitórias nos conflitos modernos são mediadas pela mídia. Temos a internet e todas as formas de comunicação modernas, e os militares decidiram divulgar suas mensagens com tais ferramentas", disse Gideon Doron, ex-presidente da agência regulatória que monitorou a privatização dos serviços de rádio e TV em Israel. A estratégia tem inclusive um órgão gerencial, o Diretório Nacional de Informações, criado há oito meses por recomendação de um escrutínio da guerra contra o Hizbollah, travada no Líbano em 2006. "O aparato de hasbara (termo em hebraico que significa "explicação" e é usado também como sinônimo de propaganda) precisava de um órgão para coordenar suas agências e virou uma plataforma de cooperação de todas entidades que lidam com relações públicas", disse o chefe do diretório, Iarden Vatikai. A investida passa também por canais diplomáticos. Nesta semana, a Embaixada de Israel em Brasília encaminhou fotos de alvos israelense visados pelos foguetes do Hamas e um vídeo no Youtube justificando os ataques a Gaza, entre outros e-mails diários. O consulado israelense em Nova York conduziu uma "entrevista coletiva" por meio do Twitter, sistema de microblogs que permite a publicação de textos de até 140 caracteres. O esforço não é voltado só ao Ocidente. O jornal "Haaretz" registrou que a ação israelense visa também "conquistar" canais de TV árabes via satélite", ao noticiar o esforço do Exército e da chancelaria em destacar quadros fluentes em árabe para falar à Al Jazeera e a outras emissoras do mundo árabe. Agentes de defesa palestinos e israelenses disseram ao jornal Jerusalem Post que a população próxima aos alvos dos ataques foi avisada com antecedência dos bombardeios para reduzir a morte de civis. Os aviões israelenses lançaram panfletos em toda a região com um número de telefone e um endereço de e-mail para que as pessoas relatem locais onde estão líderes da organização terrorista Hamas e seus depósitos de foguetes. Matéria do jornal Jerusalém Post, neste domingo, diz que terroristas do Hamas balearam nas pernas 75 ativistas do Fatah na Faixa de Gaza, e quebraram as mãos de vários outros, desde o início da ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza. O Hamas também determinou a prisão domiciliar de centenas de ativistas pólíticos do Fatah, que só têm autorização para sair às sextas-feiras, para rezar em mesquitas. Já na Cisjordânia, as lideranças do Fatah instruíram seus militantes em Gaza para que tomem controle da Faixa, se Israel for bem sucedido em sua ofensiva. Autoridades do Fatah disseram ao Jerusalem Post que muitos de seus ativistas na Faixa foram detidos na última semana. Wisam Abu Jalhoum, ativista do Fatah no campo de refugiados de Jabalyia, foi baleado nas pernas porque expressou satisfação pela ofensiva israelense contra alvos do Hamas. "O Hamas está muito nervoso porque está vendo o final de seu regime acabar", disse uma autoridade do Fatah ao Jerusalem Post. "Eles estão desencadeando uma brutal campanha contra membros do Fatah na Faixa de Gaza". Fontes do Hamas admitiram que foram executados mais de 35 membros do Fatah nesta semana, "suspeitos" de colaboração com Israel. Os "suspeitos" estavam presos em instalações de segurança do Hamas. Justicando as execuções, autoridades do Hamas disseram ter sido informadas sobre instruções do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abas, para que militantes do Fatah assumissem controle da Faixa. "Vamos matá-los se tentarem ajudar Israel a derrubar nosso governo", avisou a autoridade do Hamas contatada pelo Jerusalem Post. "Vamos enforcar Abas e Muhammad Dahlan (ex-chefe das forças de segurança do Fatah) em praça pública, se tentarem entrar na Faixa de Gaza depois dos tanques israelenses". A mesma autoridade, cujo nome não foi revelado, disse que o Hamas lançou uma "campanha preventiva" contra o Fatah, para evitar "o alastramento da anarquia e do caos na Faixa de Gaza". Ele confirmou que muitos ativistas do Fatah foram baleados nas pernas nos últimos dias "para que tenham certeza de que não irão ajudar Israel". Fahmi Zaarir, um porta-voz do Fatah na Cisjordânia, acusou o Hamas de "executar" prisioneiros do Fatah em Gaza. Ele disse que pelo menos dois homens do Fatah foram assassinados pelo Hamas depois de terem sido libertados da prisão. "É uma vergonha que o Hamas esteja direcionando sua energia contra seu próprio povo", afirmou. Zaarir informou que inúmeras pessoas que compareceram aos funerais de seus parentes, depois dos ataques de Israel, foram espancadas pela milícia do Hamas, acusadas de colaborarem com Israel.

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