sexta-feira, 10 de abril de 2009

Comissão Pastoral da Terra diz que acusado de morte de Dorothy Stang pressiona ex-assentados

Durante os 11 meses em que esteve em liberdade, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de mandar matar a missionária Dorothy Stang, voltou à região de Anapu (oeste do Pará), onde negociou a compra de lotes de terra de ex-assentados da reforma agrária, segundo a Comissão Pastoral da Terra e o Ministério Público Federal. Na última terça-feira, o Tribunal de Justiça paraense anulou o júri que o havia absolvido em maio do ano passado, mandou prendê-lo e marcar um novo julgamento. Para José Amaro --antigo aliado de Stang, padre de Anapu e representante da Comissão Pastoral da Terra na cidade, a atuação de Bida configura "pressão" sobre pequenos proprietários rurais. “Apesar de não serem ilegais, uma vez que os donos das terras já tinham os documentos delas, as negociações são uma demonstração de poder e um indicativo de que a violência pode recrudescer na área”, disse Amaro. Ele afirmou ter sido informado por moradores da região sobre a compra feita por Bida de três terrenos, todos entre Anapu e Altamira (PA). Segundo o padre, ao fazer essas aquisições, Bida estava acompanhado de um homem chamado de Dezinho, conhecido como pistoleiro, e de Délio Fernandes (PRP), que foi eleito no ano passado vice-prefeito de Anapu e que chegou a ser citado pela Polícia Federal como cúmplice do assassinato, mas nunca foi formalmente acusado. "Só a volta de Bida à área já nos deixa muito tensos, gera uma preocupação muito grande", disse Felício Pontes, procurador da República que atua no caso de Stang, morta com seis tiros, em 2005, em uma estrada de Anapu. "É como dizer que vale a pena sair matando todo mundo", afirmou ele. Para Pontes, é possível que Bida esteja servindo nessas negociações como "testa-de-ferro" de Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, outro acusado de mandar matar a missionária norte-americana naturalizada brasileira, e que deve ser julgado ainda neste semestre.

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