Os três principais jornais do Pará foram proibidos pelo Tribunal de Justiça de publicar imagens de pessoas vítimas de acidentes e de mortes brutais. Para a Associação Nacional dos Jornais, a decisão, tomada na última quarta-feira pela 4ª Câmara Cível Isolada do Tribunal de Justiça paraense, configura censura prévia. A decisão atinge os jornais "O Diário do Pará" e "O Liberal" e sua versão tabloide, "Amazônia". O descumprimento implica em multa diária de R$ 5.000,00. A ação foi movida pelo governo estadual, por meio da Procuradoria Geral do Estado, pelo Movimento República de Emaús e pela Sociedade Paraense dos Direitos Humanos. Para os autores da ação, a publicação de fotos nessas condições é "lesiva aos direitos constitucionais". A desembargadora Eliana Abufaiad citou no relatório, aprovado por unanimidade, que a publicação de imagens chocantes não era feita com "qualquer conteúdo jornalístico, mas com intuito meramente comercial". Em primeira instância, a Justiça havia negado o pedido e permitido a veiculação das imagens. Em nota assinada pelo seu vice-presidente, Júlio César Mesquita, a Associação Nacional dos Jornais condenou a decisão e disse que ela "viola frontalmente o espírito e a letra da liberdade de expressão assegurada pela Constituição". Para representantes dos jornais, além de censura prévia, há um componente político em impedir a veiculação das imagens. Segundo eles, o pedido da procuradoria, feito no final do ano passado, visava diminuir o desgaste da administração estadual com uma onda de crimes que atingiu a classe média de Belém à época e que gerou uma crise política na gestão da petista Ana Júlia Carepa. Não é por acaso que o processo foi movido pela Procuradoria Geral do Estado, que é subordinada a Ana Julia Carepa.
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