segunda-feira, 15 de junho de 2009

Avião Airbus A320 da TAM enfrenta nuvem cumulus e sofre perda do “radome”

O leitor Marcelo Ambrosio, do Jornal do Brasil, postou neste domingo (14/06) diversas fotografias impressionantes de acidente com um Airbus A320 da TAM. Marcelo Ambrosio relata o resultado do vôo 4312 da TAM, com decolagem do Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, para o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O acidente ocorreu fevereiro do ano passado. O avião A320 da TAM atravessou uma nuvem cumulus (Cb) com formação de gelo. Os cumulus nimbus são nuvens convectivas de trovoada que se desenvolvem verticalmente até grandes altitudes, com a forma de montanhas, torres ou de gigantescas couves-flor. Têm uma base entre 300 e 1.500 metros e um topo que pode ir até 29 quilômetros de altitude, podendo ter quase vezes vezes a altura do monte Everest, ficando a média entre nove e 12 quilômetros. O topo é caracterizado pela chamada “bigorna”: uma expansão horizontal devida aos ventos superiores, lembrando a forma de uma bigorna de ferreiro. São formadas por gotas d’água, cristais de gelo, gotas superesfriadas, flocos de neve e granizo. O A320 da TAM, prefixo PT-MZV, estava a 9.000 pés e levava a bordo 138 passageiros e seis tripulantes. O acidente ocorreu cinco minutos após a decolagem. O vôo 4312 da TAM foi encerrado em São Paulo-Guarulhos, sem que os passageiros tenham se ferido. Veja as fotos para conferir os estragos, e imagine o que pode ter acontecido com o Airbus A330 da Air France. As imagens também reforçam a afirmação de que é inconcebível que os comandantes das aeronaves não procurem contornar as nuvens de cumulus nimbus. A perda do “radome”, a tampa dianteira (bico do avião) onde está localizado o radar da aeronave, já configuraria uma situação emergencial. Sem ele, os pilotos perderam as informações sobre as outras aeronaves em rotas próximas e passaram a voar guiados pelo controle de tráfego. Apenas parte da tampa do “radome” ficou presa ainda nas dobradiças. O prato, que integra o conjunto do radar, ficou retorcido pelo vento e marcado pelas esferas de gelo que colidiram com a aeronave. O desempenho aerodinâmico foi afetado pela ausência do cone dianteiro. Diante da situação, a tripulação da TAM foi consultada, mas como o controle do avião continuava inalterado, recebeu orientação de seguir até São Paulo-Guarulhos, onde as condições de pouso eram melhores. A perda do “radome” afetou o radar, atingiu o dreno de água e destruiu o “táxi light”, luz de suporte sob a asa que é usada quando a aeronave se desloca em terra para a decolagem ou para o finger (aquele “braço” que interliga o terminal à aeronave e pelo qual os passageiros embarcam no avião). Se a falta do cone foi preocupante, pelo estrago que poderia ter provocado na turbina, mais ainda é o estado dos vidros da cabine, estilhaçados pelo impacto das pedras de granizo. O impressionante é que a estrutura resistiu ao impacto, apesar da força das pedras. O ataque das pedras também tornou inoperante o piloto automático, um equipamento essencial nesse tipo de jato, onde os pilotos efetivamente controlam a aeronave apenas nos momentos iniciais após a decolagem e a 500 pés do toque na pista na hora do pouso. Os danos não se limitaram à frente do jato. O gelo descascou ou amassou partes sob a aeronave. E arrancou o bordo de proteção das asas e dos estabilizadores traseiros, expondo a chapa amassada pelo impacto, mas que resistiu à pressão aerodinâmica do vôo mesmo sob condições adversas. A imagem do vidro da cabine, vista de dentro, deixa clara a situação com a qual os pilotos tiveram de enfrentar, sobretudo pela aproximação e pouso apenas por instrumentos, sem possibilidade de visual mesmo quando a pista se encontrava bem à frente. Faltou pouco para que houvesse uma despressurização traumática da cabine.

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