domingo, 5 de julho de 2009

Para FAB, áudio de 12 segundos comprova que Dacar sabia sobre vôo 447

Uma breve conversa técnica de 12 segundos é a prova que a FAB apresentou ao BEA (Escritório francês de Investigação e Análise) para confirmar que seu controlador avisou o colega do controle de tráfego aéreo de Dacar (Senegal) sobre o vôo 447 da Air France. O avião, um modelo Airbus A330, com 228 pessoas a bordo, caiu no oceano Atlântico no dia 31 de maio. Dos 51 corpos encontrados, 35 foram identificados. A divulgação do áudio por parte da FAB é uma resposta ao relatório preliminar sobre as causas da queda do Airbus, divulgado na última quinta-feira, em Paris (França). Isso ocorreu pois o responsável pelas investigações, Alain Bouillard, do BEA, afirmou que Dacar não chegou a receber oficialmente dos controladores de tráfego aéreo do Brasil o plano de vôo do Airbus. "Isso não é normal", afirmou. O tenente-coronel aviador Henry Wilson Munhoz, chefe da divisão de relacionamento com a imprensa da FAB, explicou na sexta-feira o que a breve conversa técnica entre os controladores significa. Dos 59 segundos de áudio disponibilizados pela FAB, apenas 12 se referem ao vôo 447. Os demais se referem a outro vôo. Eles não foram cortados nem editados, segundo o coronel Henry, para não suscitar dúvidas do seu conteúdo. Segundo ele, a partir do 37º segundo, o controlador de tráfego aéreo brasileiro pede para que o controlador do Dacar "confirme" o número do vôo 447, dizendo "copy Air France four four seven" (em tradução livre: copie Air France 447"). O jargão, comum entre pilotos, é uma espécie de praxe para que outra pessoa tome ciência da mensagem. Em seguida é informada a localização do aparelho "Tasil, zero, two two zero", ou seja, 2h20 em horário Tasil. Tasil é um ponto distante cerca de 1.200 quilômetros de Natal (RN) e o horário se refere a hora mundial, medida a partir do marco inicial, em Greenwich (Londres). No caso do Brasil há um fuso de três horas a menos, ou seja, no ponto que a aeronave sobrevoava Tasil eram 23h20 no horário de Brasília. A terceira frase, "flight level three, five, zero" do controlador de tráfego aéreo brasileiro, dá conta da altitude do aparelho, de nível de altitude 350, ou a 35 mil pés (10,7 km). Em seguida, ao mencionar "mach point eight two" há a informação da velocidade do aparelho, de 0.82 em relação a velocidade do som, de 1.224 km/h. O controlador de Dacar então fala a frase "ok, ok, call you back", algo como "mais tarde volto a te chamar" caso ocorresse algo, segundo o coronel Henry. Segundo o porta-voz da Aeronáutica, na prática, o aparelho não havia entrado em espaço aéreo do Dacar. Entretanto, o fato de o controlador de Senegal confirmar é sinal de que tudo estava perfeito na comunicação entre os dois controladores. O áudio disponibilizado pela Aeronáutica contém, em determinado trecho, uma mistura de português com inglês ao mencionar "Yes, correto senhor". Além disso, há diferença de pronúncia de palavras como "two" e "nine". O coronel Henry afirma não se tratar de erros nem de problemas na pronúncia do controlador de tráfego aéreo. Entretanto, pondera que o profissional é do Nordeste do País, portanto sua pronúncia é contaminada pelo sotaque, assim como acontece com franceses e originários de outras nacionalidades que não têm o inglês como língua nata. Apesar disso ele afirma que a pronúncia de comunicação entre os controladores é universal e mudanças são comuns em alguns fonemas de forma a universalizar e evitar erros de interpretação. Um exemplo é o "nine" que ganha um "r" ao ser pronunciado. "Trata-se de um inglês técnico onde tudo é confirmado pra ver se foi entendido corretamente", afirma ele.

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