quinta-feira, 9 de julho de 2009

Polícia Federal abre inquérito limitado para investigar “importação” de lixo

A Polícia Federal abriu nesta quarta-feira um inquérito para apurar as responsabilidades sobre a “importação” de lixo da Europa. É um inquérito atrasado, no mínimo, em cinco anos, tempo que já decorreu desde que o jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, procurou o ex-superintendente da Polícia Federal, delegado José Francisco Malman, denunciando uma fraude na licitação do lixo de Porto Alegre e pedindo a abertura de um inquérito para investigar a atuação da máfia do lixo no Brasil. O lixo é uma questão de máfia e de cartel, que age em todo o País, corrompendo a política desde o plano municipal, passando pelos estaduais e chegando até o federal. O delegado Malman respondeu por e-mail ao jornalista Vitor Vieira dizendo que lixo era “assunto municipal”. Há muitos meses Videversus vem afirmando que a famigerada Vala 7 da Utresa (no mapa abaixo),

Exibir mapa ampliado em Estância Velha (empresa que cometeu o maior desastre ambiental da última década no Brasil, causando a mortandade de mais de 90 toneladas de peixe no rio dos Sinos), tem contêiner inteiro enterrado lá, além de milhares de galões com ascarel (óleo altamente carginogênico, que era utilizado para refrigerar transformadores de energia elétrica). O que faz a Polícia Federal no Rio Grande do Sul? Faz cara de nuvem, faz de conta que não é com ela. Nunca se interessou pelo assunto. Agora entra lixo pelos portos brasileiros (Rio Grande e Santos) e todo mundo fica escandalizado. Os samaritanos de momento se agitam. Ora, Videversus tem dito em várias oportunidades que esse lixo entra já há muito tempo. No inquérito sobre o desastre ambiental produzido pela Utresa, conduzido pela Delegacia de Polícia de Sapucaia, ficou comprovado que a Utresa recebia contêineres originários do Exterior, desembarcados no píer paraguaio no porto de Paranaguá, no Paraná, sem passagem pela alfândega, e que vinha parar na Utresa, em vez de as carretas seguirem para o Paraguai. E o que faz a Polícia Federal? Faz cara de nuvem, faz de conta que não é com ela. Isso tudo já foi publicado, mas a Polícia Federal no Rio Grande do Sul parece não ter ninguém alfabetizado. Videversus já afirmou que a máfia italiana, que opera no lixo (leiam o livro “Gomorra”), está atuando no Rio Grande do Sul. Mas, o que faz a Polícia Federal no Rio Grande do Sul? Faz cara de paisagem, cara de nuvem, faz de conta que não é com ela. Há centenas de gaúchos em cidades da Grande Porto Alegre que estão com câncer, morrendo, por morarem em cima ou na proximidade de aterros clandestinos, nos quais são despejados produtos altamente tóxicos. Os laudos estão prontos, fazem parte de processos. E o que faz a Polícia Federal? Faz cara de nuvem, cara de paisagem, como se crime ambiental não fosse da sua alçada. E nem a atuação da máfia italiana.... Agora o delegado federal João Manoel Vieira Filho anuncia que, nos próximos 30 dias, vai ouvir os envolvidos na “importação” do lixo europeu. Ora, ele faria melhor se começasse pedindo cópia integral do inquérito da Utresa realizado pela Delegacia de Policia Civil de Sapucaia e se, na sequência, solicitasse a intervenção federal na Vala 7, e a mandasse abrir, para desenterrar os contêineres ali enterrados, e os galões de óleo ascarel. Aí, sim, estaria diante do mais gigantesco crime ambiental do Estado do Rio Grande do Sul. E precisaria também investigar os processos de licenciamento ambiental concedidos pela Fepam para empresas de lixo. E investigar um processo que tramitou com uma velocidade inaudita, concedendo autorização para o funcionamento de uma fábrica que pretende supostamente produzir fertilizante a partir de rebarbas de couro. O curioso é que a fórmula e o produto não têm qualquer registro no Ministério da Agricultura. E ver quem são os proprietários da empresa na Europa. E quem são as autoridades que viajaram a convite da empresa italiana.

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