quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sarney diz que nunca processou jornalista, mas processa quatro ao mesmo tempo

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), já processou jornalistas, ao contrário do que afirmou em uma nota divulgada na segunda-feira para justificar o processo movido por seu filho, Fernando Sarney, contra o jornal O Estado de S. Paulo. Na ação, Fernando Sarney pediu para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal proibir o jornal de veicular gravações da Polícia Federal que envolvessem seu nome. Em decisão liminar, o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça, atendeu ao pedido. No texto da nota em que afirma que o pedido não partiu dele, o presidente do Senado diz que não teria sido consultado sobre a iniciativa, que seria "de exclusiva responsabilidade de Fernando e de seus advogados" e que seria "uma distorção de má fé" responsabilizá-lo pelo fato. Sarney afirmou ainda que jamais processou jornalistas: "Todo o Brasil é testemunha de minha tolerância e minha posição a respeito da liberdade de imprensa, nunca tendo processado jornalista algum”. No entanto, ao contrário do que disse, o senador move pelo menos quatro ações contra jornalistas. As ações constam do banco de dados do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Três dos processos são contra o Jornal Pequeno, do Maranhão. Dois deles foram protocolados em abril e novembro do ano passado e uma das causas em maio deste ano. De acordo com a informação do Tribunal de Justiça, as três ações teriam como objetivo a reparação de danos. O primeiro processo contra o jornal já foi julgado em primeira instância. Segundo a decisão, o presidente pede na ação indenização por danos morais no valor de R$ 220 mil. Na decisão, o juiz acatou parcialmente os argumentos de Sarney e condenou o jornal ao pagamento de R$ 50 mil. O quarto processo é movido pelo presidente contra o jornalista e deputado estadual João Mellão Neto (DEM-SP), também visando indenização por danos morais. Político brasileiro, de Norte a Sul, adora encher a boca e dizer que é democrata, que nunca processou jornalista. No escurinho de alguns escritórios de advocacia, onde fazem acordos em torno das indicações do quinto constitucional, esses “democratas” não vacilam em processar jornalistas a torto e a direito, para silenciá-los. Um dos métodos para silenciar jornalista é meter-lhe um processo. Primeiro, porque toma tempo; segundo, porque sai caro. O Editor de Videversus, jornalista Vitor Vieira, leva processo de alguns desses democratas, como o ex-presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado estadual Alceu Moreira (PMDB), braço direito do deputado federal Eliseu Padilha (PMDB). Alceu Moreira é investigado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal no âmbito da Operação Solidária, a próxima a causar um terremoto no Rio Grande do Sul com suas revelações. O jornalista Vitor Vieira também é processado por João Osório Ferreira, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, ex-deputado estadual do PMDB. É outro democrata que diz não gostar de processar jornalista. E, nesta quarta-feira, enquanto Sarney discursava no Senado Federal, tecendo loas a seu próprio espírito democrático, o jornalista Vitor Vieira comparecia a audiência no Foro Central de Porto Alegre, de processo que lhe move o vereador Sebastião Melo (PMDB), outro democrata que abriu sua manifestação durante a audiência dizendo que nunca tinha processado jornalista. Bem, agora processa, e em dois processos (um criminal e outro cível). Sebastião Melo, presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, é uma das cabeças coroadas do PMDB do Rio Grande do Sul, e já está em campanha eleitoral para a disputa de uma vaga na Assembléia Legislativa do Estado no próximo ano, em dobradinha com o agora denunciado deputado estadual Luiz Fernando Salvadori Zachia (PMDB), que pretende concorrer a deputado federal. Záchia, além de tudo, é presidente do principal diretório do PMDB no Rio Grande do Sul, o de Porto Alegre. Finalmente foi denunciado como participante da fraude do Detran, no desdobramento da Operação Rodin, que já tem 39 réus respondendo a processo na 3ª Vara Federal Criminal em Santa Maria.

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