quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Terremoto de agosto no Rio Grande do Sul cai sobre o mundo da política

No dia 24 de agosto de 1954, o presidente da República, o gaúcho Getulio Dornelles Vargas, matou-se com um tiro no coração no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. No dia 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros, presidente da República, renunciou ao mandato, pretendendo dar um golpe de Estado, e naquele dia nasceu no Rio Grande do Sul a Cadeia da Legalidade, que tomou o País, até conseguir empossar em Brasília o presidente João Goulart. Por causa de episódios assim, o mês de agosto é conhecido como terrível para a política. Pois nesta quarta-feira, dia 5 de agosto de 2009, a tradição se confirmou. A Procuradoria da República no Rio Grande do Sul convocou uma coletiva de imprensa, já anunciada desde a véspera, para apresentar o último round da Operação Rodin. E foi mais do que um terremoto ou tsunami: pediu o indiciamento de nove personalidade do primeiríssimo naipe da política gaúcha: a governadora Yeda Crusius (PSDB); seu marido, Carlos Crusius (PSDB); a secretária da governadora, Walna Vilarins Menezes; o economista e ex-secretário Delson Martini; o economista Rubens Bordini; o deputado estadual Luiz Fernando Salvadore Zachia (PMDB), ex-presidente da Assembléia Legislativa; o deputado estadual Frederico Cantori Antunes (PP), ex-presidente da Assembléia Legislativa; o deputado federal José Otávio Germano (PP), ex-presidente da Assembléia Legislativa e ex-secretário de Segurança, que tinha toda a autoridade sobre o Detran gaúcho: e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, ex-deputado estadual (PDT) João Luiz Vargas, igualmente ex-presidente da Assembléia Legislativa. Pela primeira vez na história gaúcha, um governador no exercício do cargo é indiciado e poderá se tornar réu em uma ação movida pelo Ministério Público Federal. A notícia da apresentação da denúncia já teve o imediato resultado de permitir a instalação de CPI na Assembléia Legislativa. Deputado estaduais do PDT concordaram em colocar sua assinatura e assim o PT consegue instalar sua CPI, peça determinante no esforço do partido para ganhar as eleições no próximo ano, com o ministro da Justiça, o peremptório Tarso Genro, comissário geral da KGB petista, a Polícia Federal. A ação ajuizada pela Ministério Público Federal é cível e por improbidade administrativa. Entretanto, não são conhecidos os termos das denúncias, o que só será possível a partir do momento em que a juíza titular da 3ª Vara Federal Criminal de Santa Maria, Simone Barbisan Fortes, decidir pela liberação da íntegra da mesma, composta por 1238 páginas. Para montar a ação, os procuradores tomaram depoimentos e analisaram 20 mil escutas telefônicas obtidas não só na Operação Rodin como também em outras três investigações, entre elas a Operação Solidária. Aliás, quando esta Operação for detonada, a informação corrente é de que cairá meio PMDB gaúcho. Se a Justiça aceitar o pedido dos procuradores, a governadora Yeda Crusius será afastada temporariamente do cargo e ficará sujeita à perda definitiva do mandato e dos direitos políticos. Os procuradores também pediram a indisponibilidade dos bens dos denunciados. Isto colocará indisponível um bom número de mansões na praia de Atlântida, no litoral norte gaúcho, como a do deputado estadual Luiz Fernando Zachia, assim como seu apartamento de cerca de 600 metros quadrados em Porto Alegre, no sofisticado bairro Bela Vista. O deputado estadual Luiz Fernando Zachia, que preside o PMDB da capital gaúcha, deverá ser pressionado para sair do cargo, o qual poderá ser ocupado por um dos seus principais homens de confiança, o bancário Roni Marques Correa, desde que Hermínio Bittencourt, ex-diretor administrativo e financeiro do Detran por indicação de Zachia, virou réu da Operação Rodin e caminhou para o ostracismo. Em nota oficial emitida na noite desta quarta-feira, o governo gaúcho afirma que o anúncio feito por procuradores do Ministério Público Federal, do ajuizamento de ação de improbidade administrativa contra vários agentes públicos, deixou estarrecidos todos quantos defendam o Estado Democrático de Direito, “que é fundamentado em liberdades, direitos e deveres pelos quais as instituições republicanas devem zelar”. O texto prossegue chamando atenção para o fato de que as pessoas citadas publicamente pelo Ministério Público sequer conhecem a ação a que terão de se defender. No entendimento do governo do Estado, é inacreditável que cidadãos agentes públicos possam ser atacados por outros agentes públicos sem serem notificados dos fatos que lhe são imputados.

Um comentário:

Luiz Carlos Schons disse...

Caro SR Vitor Vieira , tenho que tirar o chapéu pelas suas brilhantes informações aqui postadas e sertamente apenas comentando verdades sobre parte da biografia pública dos envolvidos,que ja são indicios de como agem estas AUTORIDADES , imagina só aquilo que não é de conhecimento publico .Bem como falou o Vice GOV. Feijó se vier a tona des por cento o Governo não se mantem .