quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Preso piloto argentino acusado de participar dos “vôos da morte”

Julio Alberto Poch, ex-tenente de Fragata, acusado de ter participado nos “vôos da morte”, foi preso no Aeroporto de Valencia, na Espanha, a pedido da Justiça argentina. A prisão é conseqüência do processo que investiga os crimes de lesa humanidade cometidos por elementos da repressão argentina durante a ditadura militar no centro de torturas e assassinatos Esma (Escola de Mecânica de la Armada). A Justiça argentina vai pedir a extradição de Julio Alberto Poch. Militar reformado, detentor de dupla nacionalidade argentina e holandesa, ele trabalhava atualmente como comandante de avião da empresa comercial Transavia, propriedade do consórcio Air France-KLM. Ele foi preso durante uma escala de 40 minutos no Aeroporto de Manises-Valencia, antes de regressar a Amsterdã, na Holanda. O juiz federal argentino Sergio Torres pediu a prisão do ex-militar por sua responsabilidade derivada de sua atuação como piloto naval a serviço da Esma em relação a quatro processos penais, nos quais há mais de 1.000 vítimas. O piloto Julio Alberto Poch participou dos “vôos da morte” ocorridos durante a ditadura militar argentina, nos quais milhares de presos políticos foram “desaparecidos”, jogados vivos e drogados ao mar, de aviões militares. Julio Alberto Poch pilotava com freqüência o vôo que, procedente do Aeroporto de Schipol, em Amsterdã, seguia para o Aeroporto de Manises (Valencia), e voltava ao seu ponto de origem após uma escala de cerca de 40 minutos, após recolher novos passageiros. Ele trabalhava para a empresa aérea desde a década de 80, quando fugiu da Argentina em direção à Holanda, onde vivia com sua família. O juiz Sérgio Torres viajou para a Holanda em dezembro de 2008 e recolheu testemunhos de pessoas para as quais Julio Alberto Poch admitiu para seus companheiros de trabalho que havia participado dos “vôos da morte” e relatou como os prisioneiros eram atirados ao mar. Na cidade de Amestelveen, o juiz recolheu o testemunho de um outro piloto da mesma companhia, o qual declarou que o repressor "exatamente me disse quando a bordo de seu avião eram jogadas fora pessoas vivas com o fim de executá-las" e justificou essas práticas sustentando que "se tratava de terroristas". A mesma testemunha disse ter se sentido "enojada fortemente porque ninguém pode imaginar coisas tão terríveis”, mas Julio Alberto Poch se justificou dizendo que "era uma guerra" e que as vítimas "tinham sido drogadas previamente", e ainda acrescentou que os familiares "não devem se queixar porque sabiam que seus filhos e seus esposos eram terroristas".

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