sábado, 17 de outubro de 2009

Incêndio destrói quase duas mil obras de Hélio Oiticica

Um incêndio destruiu na noite de sexta-feira quase duas mil obras de Hélio Oiticica (1937-1980), um dos mais consagrados artistas plásticos modernos do Brasil. O fogo consumiu totalmente uma sala na qual eram guardadas as pinturas e esculturas que integravam a chamada "reserva técnica" do artista plástico, ou seja, as obras que não estão em mãos dos colecionadores, nem em exposições permanentes. As chamas destruíram cerca de 90% das obras que eram guardadas no recinto e provocaram danos calculados em quase US$ 200 milhões pelo arquiteto César Oiticica, irmão do pintor. “É o maior prejuízo sofrido pela cultura brasileira em sua história. A cultura brasileira ficou ferida”, disse César Oiticica. As obras da "reserva técnica", parte das quais foram expostas há dois anos em uma mostra especial organizada pelo museu Tate Modern, em Londres, eram mantidas em uma sala do primeiro andar da residência de César Oiticica no bairro do Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro. O fogo destruiu totalmente a sala-oficina que contava com sensores de umidade e temperatura, alarme anti-incêndio e diferentes dispositivos de segurança. Segundo os familiares do artista, o incêndio começou por volta das 22 horas de sexta-feira por razões ainda desconhecidas. Os bombeiros conseguiram controlá-lo três horas depois, antes de as chamas se expandirem para outras salas ou para o segundo andar da residência. “Queria ter morrido junto com as obras”, afirmou César Oiticica, o encarregado do acervo desde a morte de seu irmão em 1980 e que vivia na residência em que aconteceu o incêndio. No estúdio devorado pelas chamas também estavam guardados registros em vídeo, livros, arquivos e outros objetos do chamado Projeto Hélio Oiticica, uma fundação criada para preservar a obra do artista plástico. Nascido no Rio de Janeiro em 26 de julho de 1937, Hélio Oiticica chegou a ser considerado como um dos mais revolucionários artistas do País por sua obra experimental e inovadora. O artista tem entre suas obras mais importantes a "Tropicália", que inspirou e deu nome ao movimento cultural brasileiro que revolucionou a música, o cinema, o design, a moda e as artes do País nos anos 70. A obra faz parte da coleção permanente da galeria Tate Modern, de Londres, que adquiriu o trabalho em 2007. O artista, que compareceu a uma escola pela primeira vez aos dez anos, teve sua formação influenciada pelo pai, José Oiticica Filho, um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, e pelo avô José Oiticica, intelectual filólogo, professor, escritor e jornalista. Em 1953, Oiticica começou a estudar pintura com Ivan Serpa, após tomar contato com a obra de Paul Klee, Alexander Calder, Piet Mondrian e Pablo Picasso durante a segunda Bienal de Arte Moderna de São Paulo.

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