sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Cai o diretor jurídico do Banco do Brasil

O diretor-jurídico do Banco do Brasil, Joaquim Portes de Cerqueira César, perdeu o cargo nesta quarta-feira. Ele é acusado judicialmente de promover demissões sumárias de advogados da instituição, mas se mantinha no cargo por influência do presidente do PT, o deputado federal Ricardo Berzoini. No sábado passado, uma matéria do jornal Correio Braziliense revelou que Berzoini vetava o cumprimento da decisão do Conselho Administrativo do Banco do Brasil, do início do mês, de demitir Cerqueira, seu apadrinhado. O caso levou o presidente do banco, Aldemir Bendine, a se queixar ao chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, sobre o indicado de Berzoini. Carvalho é padrinho da indicação de Bendine. No cargo desde 2007, Cerqueira promoveu uma conturbada reestruturação da área, com 750 advogados. Segundo ação movida pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, ele perseguiu profissionais e os rebaixou de suas atribuições sem levar em conta regras para perda de funções comissionadas. Há também casos de demissões sem que advogados tenham respondido a inquéritos administrativos, uma pré-condição para a saída de funcionários do banco. Ao mesmo tempo, parte dos advogados que ascenderam na gestão de Cerqueira fez doações à campanha para deputado federal de Ricardo Berzoini, funcionário de carreira do banco. O banco já escolheu um substituto para Cerqueira. Trata-se do catarinense Orival Grahl, atualmente no cargo de gerente-executivo jurídico responsável pelas áreas de direito comercial, internacional e varejo. Grahl tem 46 anos e entrou no banco em 1991. Está na diretoria jurídica desde 1996. O novo diretor jurídico, que preferiu não fazer comentários sobre a gestão anterior, afirmou que, dentro do que ele chama de “grande conversa”, estará a avaliação dos processos de assédio moral movidos por advogados do banco. Não são poucos. Estima-se que os dois anos de gestão do antecessor de Grahl renderam cerca de 30 ações envolvendo assédio moral na área jurídica no banco. Há processos movidos no Distrito Federal, em São Paulo, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Norte e no Maranhão. Essa perseguição petista dentro do Banco do Brasil não é novidade, nem é recente. O primeiro caso conhecido é o do advogado gaúcho Julio César Ausani, de Santa Maria. Ele sofreu uma violenta perseguição, um formidável caso de assédio moral, resultado na sua demissão. Isso aconteceu no dia 5 de novembro de 2001. Petistas juntaram-se a oportunistas carreiristas dentro do Banco do Brasil e defenestraram o jovem advogado Julio César Ausani. Ele foi, assim, transformado no primeiro advogado, no Brasil, que ganhou em causa própria uma ação de assédio moral contra o Banco do Brasil. A ação de indenização já está em execução, embora atrapalhada por advogados do Banco do Brasil que envolveram-se em um nebuloso caso de extorsão de um ex-empregado da instituição, na prainha do rio Jaguari, em Jaguari (RS). Já o processo de reintegração ao Banco do Brasil está no Tribunal Superior do Trabalho, após Julio César Ausani haver tido ganho de causa no Tribunal Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul.

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