domingo, 6 de dezembro de 2009

Delator Durval Barbosa usou tecnologia de espião para gravar o governador Arruda

Fama de chantagista, dezenas de processos, inquéritos criminais e ações de improbidade milionárias nas costas, o policial civil e ex-secretário Durval Barbosa cedeu à Polícia Federal o próprio corpo como instrumento para captar as gravações que atingiram o governo de José Roberto Arruda (DEM-DF). Em troca, queria o benefício da delação premiada, sem ter recebido nenhuma garantia de que terá os benefícios da delação, pois as denúncias que fez, gravou e filmou dizem respeito a autoridades que têm direito a foro especial e, portanto, tramitam no Superior Tribunal de Justiça. Barbosa conhecia o ambiente onde seria feita a gravação, desfrutava da confiança do governador (que já fora abalada no passado, mas havia sido restabelecida) e, na retaguarda, contava com a Polícia Federal. O mais provável é que Durval Barbosa tenha usado o que há de mais simples: uma câmera de vídeo adaptada ao botão do paletó, no qual também foi instalado um microfone imperceptível. Na parte de dentro do paletó, o dispositivo foi conectado a um aparelho de MP4, com bateria com autonomia de quatro a oito horas de gravação. Foi assim que chegou à residência oficial do governador em Águas Claras, no dia 21 de outubro, e iniciou um bate-papo com o então chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel. O governador chegou quase uma hora depois, por volta de 13 horas, e quis ficar a sós com Barbosa. Na ocasião, apenas se falou no pagamento à base aliada, para o qual haveria R$ 400 mil disponíveis e aos quais se juntariam outros R$ 200 mil com o mesmo destino, tudo bancado por empresas que mantinham contrato com o governo. Ao deixar o local, Barbosa se dirigiu à Polícia Federal. Lá, devolveu o equipamento. As imagens e sons captados foram repassados a um computador para transcrição, o que se transformou em um relatório de 53 páginas incluído no inquérito.

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