domingo, 20 de dezembro de 2009

Hugo Chávez já controla 26,5% do setor bancário venezuelano

O governo venezuelano confirmou na sexta-feira que abrirá nesta segunda-feira o Banco Bicentenário, ampliando a presença estatal no setor financeiro. Desta vez, porém, o avanço sobre o setor privado foi motivado principalmente por um escândalo inédito de corrupção, que provocou uma pequena crise bancária e envolveu colaboradores próximos do ditador Hugo Chávez. Nas últimas semanas, a ditadura venezuelana interveio em sete pequenos bancos que, juntos, somam 7,7% do total de depósitos do sistema financeiro. Todos são acusados, entre outros crimes, de realizar operações de compra e venda de instituições financeiras sem a comprovação da origem dos fundos. Seis banqueiros foram presos, todos representantes da "boliburguesia" (burguesia bolivariana), como é chamada a nova elite econômica surgida no rastro do chavismo. O caso mais visível é Arné Chacón, irmão de Jesse Chacón, que renunciou ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Jesse Chacón é um dos colaboradores mais antigos e íntimos do ditador Hugo Chávez, com quem participou do frustrado golpe de Estado de 1992. No governo, ocupou quatro pastas, entre as quais a da Presidência. Também está preso Ricardo Fernández Barrueco. Acionista majoritário de quatro bancos sob intervenção, é também dono de empresas de alimentos fornecedoras do Mercal, a gigantesca rede de mercados estatais criada pelo ditador Hugo Chávez. Diz relatório da empresa de consultoria Ecoanalítica: "A grande maioria desses bancos era administrada por pessoas sem maior trajetória dentro do sistema financeiro venezuelano". Já Domingo Maza Zavala, ex-diretor do Banco Central da Venezuela, afirma: "Esses bancos haviam constituído uma extensa rede de relações com altos funcionários da administração pública e diferentes entes do Estado, incluindo a estatal petroleira PDVSA. Esses bancos fizeram operações de dinheiro que podem ter vindo dos cofres públicos ou do narcotráfico. Estamos vendo apenas a ponta da corrupção, ainda falta muito a esclarecer, há vários personagens para aparecer". O novo banco fará com que o Estado venezuelano passe a controlar 26,5% dos depósitos do país, contra 10,9%, há dois anos.

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