sábado, 5 de dezembro de 2009

Propina no setor imobiliário pode atingir vice no Distrito Federal

O escândalo do mensalão do governo do Distrito Federal respingou no mercado imobiliário de Brasília, o que, na prática, amplia as suspeitas do envolvimento do vice-governador, Paulo Octávio (DEM), no esquema de coleta e distribuição de propina. Em depoimento ao Ministério Público, Durval Barbosa, ex-secretário do Distrito Federal e principal denunciante do escândalo, um personagem envolvido em mais de 30 processos de corrupção, disse que o dinheiro arrecadado pelo mensalão serviu para a aprovar o plano diretor de Brasília, o PDOT. Por conta dessa suspeita levantada por Barbosa, o Ministério Público do Distrito Federal entrou com uma ação na Justiça pedindo a anulação do plano diretor, projeto que levou dois anos para ser aprovado na Câmara Legislativa e, na prática, tem no empresário Octávio um dos beneficiados. A sua construtora é a maior de Brasília. Ao Ministério Público, Barbosa disse que o plano foi aprovado mediante propinas das empreiteiras favorecidas. Segundo ele, Marcelo Carvalho, diretor da construtora do vice-governador, era quem fazia os repasses de dinheiro. Paulo Octávio já havia sido mencionado no inquérito da Operação Caixa de Pandora. O nome dele está em planilha que Barbosa entregou à Polícia Federal. O vice-governador, segundo o documento, receberia 30% do valor arrecadado. O promotor Roberto Carlos Silva diz que o "mensalão" põe em xeque a votação do PDOT: "Tais suspeitas colocam sob suspeita a lisura do processo legislativo, constituindo mais um forte fundamento a ensejar a declaração de nulidade". O promotor acredita que o plano feriu os princípios da impessoalidade e moralidade. O principal eixo do plano é a criação do bairro Noroeste, localizado próximo a uma área de preservação ambiental. O grupo PauloOctávio, do vice-governador, já investiu ao menos R$ 30 milhões na região. Outra empresa que tem projetos no bairro é a construtora JC Gontijo, do empresário José Celso Gontijo. Em um dos vídeos entregues por Barbosa à Justiça, Gontijo foi filmado levando dinheiro para abastecer o esquema. Que tal o Ministério Público Federal iniciar uma investigação sobre a aprovação do Plano Diretor de Porto Alegre?

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