sábado, 30 de janeiro de 2010

AMORIM E O CHINELO

Do jornalista Reinaldo Azevedo: "Em breve, um de vocês ainda me dirá: “Reinaldo, pode começar a falar mal de baratas, porque, de Celso Amorim, a gente já sabe tudo”. Pois é. Eu vou entender quando isso acontecer. Mas sou um desses temperamentos inconformados, obsessivos até. Fazer o quê? Ainda que eu dobrasse a dose do Zyban, continuaria a pensar a mesma coisa a cada vez que visse Celso Amorim: “Cadê o meu chinelo?” Vocês certamente se lembram que Lula comparou os protestos contra as fraudes eleitorais no Irã, admitidas até pelos aiatolás, com chororô de torcida cujo time é derrotado. Pois bem. Ontem (quinta-feira), duas pessoas foram executadas no país por terem participado dos protestos. Vai ver Lula acha que torcedor inconformado merece mesmo é a forca. O Brasil, como sabem, estendeu o tapete vermelho para Mahmoud Ahmadinejad, um financiador do terrorismo em Israel, no Líbano e no Iraque e verdugo de seu próprio povo. O ministro da Defesa deste senhor é ninguém menos do que Ahmad Vahidi, que participou do atentado terrorista contra a entidade judaica Amia, na Argentina, em 1994; morreram 85 pessoas — a maioria crianças de uma creche. O vagabundo é procurado pela Interpol. Não obstante, o Brasil está disposto, como diria Amorim quando rasteja nos eufemismos, a manter “relações construtivas” com o Irã. Lula ainda acabará conhecendo as execuções de perto, vocês vão ver. Por que isso? Amorim se encontrou ontem, em Davos, no dia das execuções dos dois “torcedores” de oposição, com Manouchehr Mottaki, ministro das Relações Exteriores do Irã. Leiam trecho de reportagem do Jornal Nacional. Volto em seguida: À tarde, o chanceler brasileiro se encontrou com o ministro das Relações Exteriores do Irã. Nesta quinta-feira (28) cedo, o governo iraniano executou dois oposicionistas condenados por subversão depois dos protestos contra o resultado da eleição presidencial do ano passado, quando Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito. O chanceler iraniano não quis comentar as execuções por não ser da área dele. Para o ministro Amorim, o fato de o Brasil ser contra a pena de morte não significa rompimento com as nações que agem de forma diferente: “Nós temos assuntos, para conversar com o Irã, de interesse comum, bilateral, mas temos também de interesse mais global. Nós temos conversado com o Irã sobre questões como a nuclear, tentamos ver se ajudamos, o que não é fácil”. Comento - Eu não esperaria que o Brasil rompesse com o Irã porque há pena de morte naquele país. Embora eu seja absoluta e radicalmente contrário a tal punição em qualquer lugar, reconheço que ela é aplicada também por democracias. Mas não contra “subversivos”!!! Isso é coisa de ditaduras. E o Irã é uma ditadura, apesar das eleições. Notem que ele não tem a grandeza nem mesmo de expressar um lamento, nada! Foi logo sacando da algibeira as razões de estado. Sua resposta é semelhante à que Lula deu quando indagado se não se sentia constrangido em receber um negador do holocausto judeu. Ele disse que não, que se tratava da relação de dois estados e que ele não podia pautar as suas ações em razão do conflito entre judeus e árabes. A fala é indecente. E os iranianos não são árabes, mas persas. Leio essa fala de Amorim, vejo seu ar aparvalhado na TV e lembro que este senhor foi um dos líderes a pedir punições severas para o governo interino de Honduras, que havia acabado de depor um golpista. Até agora, o Brasil não reconhece as eleições, limpas e democráticas, e o novo governo. Manuel Zelaya, o chapeludo maluco, já foi anistiado e está vivendo como nababo num pequeno paraíso na República Dominicana. Amorim não pode suportar a democracia hondurenha, mas é interlocutor de facínoras iranianos. Nega-se a dialogar com quem tem as mãos limpas, mas chafurda na poça de sangue derramado por Ahmadinejad e Ahmad Vahidi. O que terá a dizer a respeito aquela colunista que é sua porta-voz oficiosa? EU EXIJO QUE O GOVERNO DO MEU PAÍS SEJA UM POUCO MAIS SOLENE QUANDO FALA DA MORTE. SE NÃO FOR POR CONVICÇÃO, QUE SEJA POR DECORO!"

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