sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Ex-porta-voz petista diz que Lulismo tem raiz conservadora

Ex-secretário de Imprensa e ex-porta-voz do governo bolivariano de Lula, o cientista político André Singer publicou um artigo no qual define as raízes do "lulismo", afirmando que o fenômeno incorporou "pontos de vista conservadores", surgiu baseado no "conservadorismo popular" e concedeu ao presidente "uma autonomia bonapartista". Publicado na última edição da revista Novos Estudos, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o texto "Raízes Sociais e Ideológicas do Lulismo" pretende debater o realinhamento eleitoral que teria ocorrido a partir da reeleição de Lula em 2006. André Singer sugere que o subproletariado (termo usado pelo economista Paul Singer, ao analisar a estrutura social do Brasil no início dos anos 80), que sempre teria se mantido distante de Lula, aderiu em bloco à sua candidatura depois do primeiro mandato, ao mesmo tempo em que a classe média se afastou dela. "O primeiro mandato de Lula terminou por encontrar outra via de acesso ao subproletariado, amoldando-se a ele, mais do que modelando, porém, ao mesmo tempo, constituindo-o como ator político", disse: "Isso implicou um realinhamento do eleitorado e a emergência de uma força nova, o lulismo, tornando necessário um reposicionamento dos demais segmentos." De acordo com o autor, esse realinhamento só foi possível porque o subproletariado passou a ver em Lula, com o seu discurso conservador, a 'manutenção da ordem' - o que não ocorrera nas eleições anteriores. 'A elevação do superávit primário para 4,25% do PIB, a concessão da independência operacional do Banco Central e a inexistência de controle sobre a entrada e a saída de capitais foram o modo encontrado para assegurar um elemento vital na conquista do apoio dos mais pobres: a manutenção da ordem". Como se vê, um sociologismo muito barato, na base do "achismo".

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