domingo, 28 de fevereiro de 2010

Zelaya diz que Honduras planeja represália após ser excluída de cúpula regional

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou na quinta-feira que o governo e o Ministério Público hondurenhos planejam medidas de repressão e perseguição política contra ele e seus seguidores, em represália pela exclusão do país da Cúpula da América Latina e do Caribe (Calc), realizada na semana passada no México. Zelaya foi deposto por ordem judicial do Supremo em junho passado, a poucos meses do fim do seu mandato, por causa de sua tentativa inconstitucional de alterar a Constituição para disputar um novo mandato, desobedecendo ordem do Supremo que a proibiu. Ele foi mandado para o exílio forçado, mas voltou clandestinamente a Honduras em setembro passado e se refugiou na embaixada do Brasil, por recomendação do ditador Hugo Chavez, para tentar forçar sua volta ao poder. Ele permaneceu na embaixada até o dia da posse do novo presidente Porfírio Lobo, quando um salvo-conducto permitiu que se transferisse para Santo Domingo na qualidade de "hóspede" do governo local. Ele disse em nota que o presidente Lobo e o procurador-geral se reuniram no fim de semana e decidiram recrudescer a repressão política, violando um acordo firmado em janeiro. O que esse candidato a tiranete de quinta categoria se refere é aos processos que o governo e a Suprema Corte estão abrindo contra todos os parceiros de tentativa de golpe de Zelaya.
"Hoje, os mesmos coautores do golpe que se mantêm em seus cargos se unem contra os ex-ministros de Finanças e da Presidência e contra mim, em ações de clara perseguição política", disse Zelaya. "Continuam em seus cargos os coautores do golpe de Estado, o procurador-geral que participou ativamente [do golpe], os magistrados da Corte Suprema [...] manipulando as leis e a Justiça, solicitando ordem de captura por atuações no marco das minhas funções, pelos atos administrativos que não representam nenhuma dúvida sobre a transparência e total moralidade", acrescentou. De acordo com ele, "estas ações são represálias equivocadas como resposta às posições dos Estados latino-americanos na Cúpula do Grupo do Rio, que não deu participação ao governo de Lobo em tal reunião." Vários países latino-americanos, inclusive o Brasil, não reconheceram a eleição de Lobo, em novembro, por considerarem que o pleito havia sido organizado pelo governo de facto que substituiu Zelaya após o golpe. Honduras foi ainda suspensa da OEA. O ex-presidente criticou o procurador-geral por "não ter apresentado nenhum processo contra os que deram o golpe de Estado e contra nenhum dos que violaram os direitos humanos, cometendo assassinatos, torturas, agressões e repressão." "Agora, na reunião do fim de semana com Lobo, ele aceitou recrudescer a perseguição política, desrespeitando o acordo firmado com o presidente Leonel Fernández, da República Dominicana", acrescentou.

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