quinta-feira, 18 de março de 2010

Ciro Gomes afirma que Aécio Neves salvou o mandato de Lula

Aquilo que já era apontado como algo quase certo, de que o presidente bolivariano Lula só foi salvo do impeachment pela colaboração ativa do PSDB e de seus principais lideranças, e de que houve um efetivo acordo e entendimentos pessoais nesse sentido, foi agora confirmado com todas as letras por uma entrevista do presidenciável Ciro Gomes, concedida à jornalista Maria Inês Nassif, publicada nesta quarta-feira pelo jornal Valor Econômico. Diz a matéria: "Vou fazer uma justiça a Aécio Neves. Quando a CPI dos Correios começou a arquitetar o golpe contra o presidente Lula, o Aécio Neves teve um envolvimento estratégico. No meio da crise, eu, Dilma, Márcio Thomaz Bastos (então ministro da Justiça) e Jaques Wagner (então ministro das Relações Institucionais) nos reuníamos diariamente às 7 horas para definir uma estratégia que era “Infantaria e Diplomacia” – eu dei o nome. Nós iríamos fazer o diálogo, a diplomacia. Fizemos uma lista daqueles nomes importantes da República e escalamos quem falaria com cada um. Bastos e Antonio Palocci ficaram escalados para conversar com o Fernando Henrique e com o Serra, e eu, com Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Fernando Gabeira (PV-RJ), José Carlos Aleluia (DEM-BA) – esta era a estratégia de diplomacia. E como infantaria, nós estimulamos um movimento para ocupar as ruas. O trabalho da diplomacia era dizer: ‘Daqui para trás: nós estamos vendo um componente golpista nisto, o presidente da República não será alcançado e nós não vamos tolerar isso’. Acabamos fazendo a manifestação na rua, só para mostrar que não estávamos blefando. O Aécio Neves entendeu. Passou não só a concordar, mas a agir para desarmar a bomba. Muitas vezes ele mandou um avião para me buscar em Brasília às 9 h da manhã, mandava o avião para pegar fulano, ciclano e beltrano da CPI e íamos para o hangar lá em Belo Horizonte. Lá brigávamos muito, mas chegávamos a acordos avalizados pelo Aécio Neves. Ele nos ajudou a salvar o mandato do Lula. Invoco o testemunho de Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Eduardo Paes (na época, PSDB-RJ). O Aécio Neves nos ajudou a desmontar a indústria da infâmia movida a partir do PSDB de São Paulo. No segundo mandato (de Lula), o PSDB deu ao Lula a crença de que, para governar, é preciso se alinhar – e com quem? O Brasil é tão medíocre nesta questão que são as mesmas pessoas – não são só os mesmo valores – que trabalham ao largo de qualquer moralidade. O Renan Calheiros (PMDB-AL), que foi ministro da Justiça do Fernando Henrique Cardoso, é lugar-tenente do Lula no Senado. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já conhecia como ligado ao esquema do PC Farias, é quem está dando as cartas aqui, com a delegação do Michel Temer (PMDB-SP), também ex-aliado do Fernando Henrique Cardoso. Eliseu Padilha, ex-ministro do Fernando Henrique Cardoso, é o presidente da Comissão de Justiça da Câmara. O Felipe Bornier (PHS-RJ) é presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. É a seleção às avessas: quanto mais decência e qualificação têm as pessoas, mais distante estarão dos cargos importantes no parlamento. Não sou contra alianças políticas amplas, eu vi debilidade do governo Sarney. Eu conheço a tradição federativa, a tradição multipartidária brasileira; eu reconheço que a aliança é necessária. A questão é: para quê? Se a aliança é só para conservar o poder e suas bases são o assalto à máquina pública, não faz sentido". O neocoronel cearense, no meio disso tudo, continua agindo como se fosse a Madre Superiora da República, última salvação da Pátria. Mas, o que ele disse é muito sério. Todos os personagens envolvidos precisam explicar, agora, que diabo de acordo foi esse que celebraram que deixar impune quem deveria estar no rol da Quadrilha dos 40, transformada em 41. Agora, 42, porque necessariamente deverá enquadrar o novo tesoureiro do PT, o senhor Vaccari.

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