segunda-feira, 15 de março de 2010

Torturador Cordero será processado por desaparições na Operação Condor

O coronel uruguaio Manuel Cordero foi formalmente denunciado no último dia 9 de fevereiro pelo desaparecimento de 11 pessoas, no processo nº 2510/08, conhecido como "Plano Condor", a cargo do juiz federal argentino Norberto Oyarbide. A ata do processo atribui a Manuel Cordero "haver participado, em sua condição de integrante do Exército da República Oriental do Uruguai", no centro clandestino de detenção Automotores Orletti nos anos de 1976 e 1977. A ata esclarece que "no calabouço de Orletti cumpriam-se os objetivos do acordo ilícito internacional denominado Operação Condor, na privação ilegítima da liberdade de pessoas, com abuso de suas funções e sem as formalidades prescritas pela lei". Cordero é acusado pelo desaparecimento dos uruguaios Washington Cram González, Alberto Cecilio Mechoso Méndez, León Guadalberto Duarte Luján, Ruben Prieto González, Ary Cabrera Prates, Adalberto Soba, José Hugo Méndez Donadío, Francisco Edgardo Candia Correa, María Emilia Islas Gatti, Jorge Roberto Zaffaroni e a argentina María Claudia García Irureta de Gelman. O caso contra Cordero é sustentado pelos testemunhos que já resultaram no indiciamento dos repressores argentinos Jorge Rafael Videla, Albano Harguindeguy, Santiago Riveros, Eduardo De Lío, Cristino Nicolaídes, Carlos Caggiano, Ramón Díaz Bessone, Antonio Vañek, Juan Saa, Carlos Tragant, Luciano Benjamín Menéndez, Jorge Olivera Rovere, Eugenio Guañabens, Carlos Landoni e Ernesto Alis, com os quais irá a julgamento público. A denúncia contra a Operação Condor começou no dia 8 de novembro de 1999 quando foi denunciada a existência de delitos de privação ilegal da liberdade agravada (Art. 144, Código Penal) à qual foi incorporada a tipificação estabelecida na Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas. A Justiça argentina já estabeleceu que a Operação Condor constituía "uma vasta organização criminosa que atuou no Cone Sul", integrada pelas ditaduras do Chile, Paraguai, Uruguai, Brasil, Bolivia e Argentina, voltada para o sequestro ilegal de pessoas, seu desaparecimento, morte e/ou tortura, sem importar os limites territoriais ou nacionalidade das vítimas". A denúncia contra Manuel Cordero explica que o "referido acordo político-militar, que foi reconhecido indiretamente pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos", começou na sua "primeira fase" para a obtenção, intercâmbio e classificação da informação de inteligência sobre esquerdistas, comunistas e marxistas, e para eliminar suas atividades. A coordenação da Operação Condor implicou na formação de "equipes especiais" que eram enviados a qualquer dos países signatários ou a países europeus, para localizar terroristas e aplicar sanções, incluindo o assassinato, ou a transferência à força das vítimas para um outro país. Entre as provas recolhidas para o processo de Manuel Cordero se somaram os testemunhos existentes no processo, aí incluídos os dos sobrevivientes uruguaios do "primeiro vôo" de Automotores Orletti, como também os de ex-policiais e militares que testemunharam em outros processos judiciais, como também investigações de Estado de otros países e de organizaciones não governamentais e jornalistas.

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