quinta-feira, 29 de abril de 2010

Paraguai prende quatro brasileiros por atentado a senador

A polícia do Paraguai prendeu na quarta-feira dois brasileiros - Eduardo da Silva e Marcos Cordeiro Pereira - acusados de cometer o atentado que, na segunda-feira, feriu o senador paraguaio Robert Acevedo e matou seus dois guarda-costas na cidade de Pedro Juan Caballero, 500 quilômetros ao norte de Assunção, na fronteira com o Estado brasileiro do Mato Grosso do Sul, em Ponta Porã. “Os dois detidos são de São Paulo. Temos informações de que a polícia brasileira já está realizando operações nas favelas dessa cidade” para descobrir seus antecedentes, disse o chefe de polícia do Departamento (Estado) de Amambay, Francisco Gonzales. Amambay é uma das cinco regiões paraguaias onde vigora o estado de exceção aprovado no sábado pelo Congresso, como forma de facilitar a ação das Forças Armadas contra o crime organizado e a organização terrorista Exército do Povo Paraguaio, que mantém relações com terroristas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O EPP também tem ligações diretas com grupos que exploram o narcotráfico no Paraguai. O dois brasileiros presos estavam numa casa onde foram encontrados sete veículos, três deles com placas paraguaias adulteradas e alguns outros com placas de São Paulo. A polícia também encontrou uma caminhonete Ford Ranger, incendiada na noite de quarta-feira, com placa de São Paulo e cheia de cartuchos de fuzil em seu interior. A promotora paraguaia Lourdes Peña disse que o carro é clonado e provavelmente foi usado pelos criminosos na ação. Para o juiz da 3.ª Vara Federal de Campo Grande, Odilon de Oliveira, que já condenou pelo menos 500 integrantes do crime organizado na fronteira Brasil-Paraguai, durante os mais de dez anos em que atuou na Justiça Federal de Ponta Porã, cidade do Mato Grosso do Sul separada apenas por uma avenida de Pedro Juan Caballero, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) está por trás da ação. “Existem documentos provando que o brasileiro Nilton Cezar Antunes de Véron, preso em Assunção desde 2005, quando foi flagrado transportando 102 quilos de cocaína colombiana jurou matar o senador (Acevedo). Véron é um dos chefes do PCC no Paraguai. Meu amigo senador sabia de todo esse esquema, mas é um incansável combatente contra o crime organizado. Certamente os pistoleiros tentarão abatê-lo novamente”, disse Oliveira. Acevedo, que é membro do governista Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), disse no hospital que os traficantes “puseram um preço de US$ 300 mil” por sua cabeça. Ele anunciou que abandonará a cidade “tão logo possa” porque ainda teme por sua vida. Além de político, Acevedo é dono de diversos postos de gasolina, empresas de importação de produtos eletrônicos e da emissora de rádio Amambay, a mais importante do departamento de mesmo nome, onde o crime ocorreu. Ele e seus seguranças foram atacados com rajadas de fuzil em plena tarde, no centro da cidade. Mais dois brasileiros foram presos nesta quarta-feira em Pedro Juan Caballero. Os dois têm ligações com o PCC e estão envolvidos no ataque contra o senador Robert Acevedo. Os brasileiros foram identificados como Josué dos Santos e Daniel dos Santos. Os dois tentavam chegar à casa de um narcotraficante no bairro de Maria Victoria. Após visitar o senador Robert Acevedo na clínica San Lucas, o presidente do Congresso paraguaio, Miguel Carrizosa, anunciou que fará um pedido formal ao presidente Fernando "Pai Nosso" Lugo para que aumente a presença militar na região: "Solicitaremos ao presidente Lugo a militarização de Pedro Juan Caballero". Para ele a violência na cidade, que já está sob estado de exceção, "ultrapassou os limites".

Nenhum comentário: