terça-feira, 13 de abril de 2010

Planalto manda investigar dossiê contra senador Marcone Perillo

O governo Lula abriu investigação oficial para apurar movimentações bancárias do senador tucano Marconi Perillo (GO) no Exterior. Formalmente, a investigação teve início no último dia 12 de março, quando começou a tramitar no Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI) do Ministério da Justiça um processo destinado a mapear a existência das contas, que de acordo com os papéis em poder do governo seriam mantidas em bancos da Suíça e Estados Unidos e em paraísos fiscais do Caribe. Perillo é inimigo político declarado do presidente Lula. Antes de chegar ao Ministério da Justiça, os documentos que dão base à investigação passaram pelo Palácio do Planalto, mais precisamente pelas mãos de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula. Perillo tornou-se desafeto preferencial do Planalto após o escândalo do Mensalão do PT, quando afirmou ter alertado pessoalmente o presidente sobre os pagamentos a parlamentares da base aliada no Congresso em troca de apoio ao governo petista. Na segunda-feira, em meio a rumores sobre a existência de um dossiê com informações sobre contas bancárias abertas em seu nome em paraísos fiscais, o senador foi ao Ministério da Justiça pedir investigação sobre a origem dos papéis, que diz serem "falsos". Não sabia ele que, um mês antes, os documentos já haviam chegado ao ministério e dado origem a um procedimento formal. O procedimento instaurado no DRCI sob o número 08099.001131/2010-54 teve origem em um relatório apócrifo, produzido originalmente em inglês, com tarja de "top secret". Gerar investigações e inquéritos com base em documentos apócrifos, anônimos, é uma grande especialidade do governo petista de Lula, e especialmente da sua KGB, sua polícia política, a Polícia Federal. Junto com esse dossiê apócrifo há extratos das supostas contas, registradas em nome da Aztec Group, offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Os documentos apontam Perillo como um dos dirigentes da empresa. Um dos papéis anexados ao relatório, com timbre do banco suíço UBS e datado de 2003, diz que o Aztec Group tinha na instituição uma aplicação de 200 milhões de Euros, o equivalente, à época, a R$ 667,5 milhões. O relatório "top secret" com o detalhamento das supostas transações inclui o contrato social do Aztec Group, cujo presidente, de acordo com o documento, seria Paulo S. Jusus, que os investigadores identificam no processo instaurado no DRCI como Paulo Silva de Jesus, primeiro suplente de Marconi Perillo no Senado. Também foram anexadas ao relatório o que seria a cópia do passaporte do senador e uma procuração registrada nas Ilhas Virgens Britânicas em que Jusus dá poderes a Marconi Perillo, apontado como diretor da Aztec Group para Projetos Especiais, para assinar contratos e fazer acordos em nome da empresa. Há, ainda, cópias de faxes que Perillo teria usado para ordenar transferências da conta da Aztec. Um desses papéis, que leva uma assinatura semelhante à de Perillo, autoriza a transferência de US$ 3,5 milhões de uma agência do banco Wachovia para uma agência do Citibank no paraíso fiscal de Nassau, no Caribe. Com aval do Planalto, o DRCI deu início aos procedimentos para tentar confirmar a existência das contas. O primeiro passo foi contatar as autoridades financeiras da Suíça.

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