quarta-feira, 12 de maio de 2010

Cineasta José Padilha responde a Michel Temer e o aponta como censor

O cineasta José Padilha, diretor de "Tropa de Elite 2", divulgou nota em defesa da liberdade de expressão na qual explica que os personagens de seu filme, com estréia prevista apenas para setembro, não têm nenhuma relação com os deputados reais. Para Padilha, a situação é "surreal e, apesar de cômica, tem ingredientes muito sérios, pois se trata de uma ameaça à liberdade de expressão". Segundo o cineasta, ele "não podia não responder, já que a discussão se encaminhou dessa maneira prejudicial à democracia". Na nota, Padilha afirma que a reação de alguns deputados fez com que ele pensasse na ditadura: "Será que a procuradoria da Câmara vai virar um órgão de censura?" Na terça-feira, o deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara e candidato a vice na chapa da petista Dilma Rousseff, afirmou que encaminharia para análise da procuradoria o fato de o filme "Tropa de Elite 2" ter cenas inspiradas na rotina da Casa e nos próprios deputados. Michel Temer foi apoiado pelo deputado federal petista mensaleiro José Genoino (PT-SP), réu no processo penal 470, e pelo também deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), que criticou o fato de um dos deputados do filme ter o mesmo sobrenome que ele. "Não é um nome comum, como João. Eu sou o antagonista, ou seja, o bandido. Peço que a procuradoria analise isso", disse o deputado Fraga. O diretor do filme, porém, afirma que as classificações simplistas, como "herói" e "vilão", "mocinho" e "bandido", não se aplicam ao seu filme. "Daí por que o deputado Fraga, embora possa ser considerado antagonista do capitão Nascimento, não é necessariamente corrupto. Aliás, ele não é corrupto", diz Padilha. A seguir, leia a íntegra da nota de José Padilha. "O filme Tropa de Elite 2 não tem nenhum deputado corrupto chamado Fraga. Existe, sim, um personagem com esse nome, mas ele não é um deputado corrupto. O deputado corrupto de 'Tropa de Elite 2', totalmente fictício, diga-se de passagem, chama-se Guaracy. Espero que não exista algum deputado corrupto com este nome. Se existe, vou logo avisando que é coincidência! Confesso que eu nunca havia ouvido falar na existência de um deputado com o nome Fraga. Hoje, depois de uma rápida pesquisa na internet, aprendi que ele existe. É um deputado do DEM, considerado por parte da imprensa como membro da base parlamentar do ex-governador Arruda. Longe de mim querer denegrir a sua imagem. Deputado Fraga, pode ter certeza: você não tem nada a ver com o Fraga do meu filme! Também não posso deixar de comentar a declaração do deputado José Genoino, que, apesar de nunca ter visto o filme 'Tropa de Elite 2', afirmou que o filme está 'tentando colocar o Parlamento como piada. Ao nobre deputado quero dizer que, em uma democracia, tem que haver liberdade de expressão. Em uma democracia, se um artista quiser fazer piada com o Parlamento, ele deve ter liberdade para tal. De minha parte, não fiz piada alguma com a Câmara em 'Tropa de Elite 2'. Para mim, o Parlamento brasileiro e os inúmeros casos de corrupção que a imprensa associa a ele são um assunto sério demais para piadas. Finalmente, a ameaça que o presidente Michel Temer fez à liberdade de expressão, ao afirmar que 'vai encaminhar para análise da procuradoria o fato de o filme 'Tropa de Elite 2' ter cenas inspiradas na rotina da Casa e nos próprios deputados', me fez pensar na época da ditadura. Será que a procuradoria da Câmara vai virar um órgão de censura cuja função é tentar proibir que artistas se inspirem na Câmara e em seus membros para fazer filmes? Espero que não! José Padilha". Essa gente mensaleiro, que não faz nada, ou quase nada, é que é a grande piada nacional. José Genoíno, então, deveria ficar com a boca bem feichadinha, desde que estrelou o pior papel deste País, o monumental crime arquitetado por ele, por José Dirceu e Delúbio Soares, de completo solapamento da democracia brasileira. Crime, mesmo, é comprar apoios políticos de parlamentares e partidos para o governo Lula. Crime é ser pai do Mensalão do PT. Isso, aliás, não é piada, é uma gigantesca tragédia, e uma monumental ofensa à democracia brasileira. Se o Brasil fosse um País sério, e se seu eleitorado fosse sério, não reelegeria este indivíduo.

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